Chefe da diplomacia chinesa diz que Taiwan é a maior ameaça às relações EUA-China

Wang reuniu-se com o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA na Tailândia e conversaram sobre a ilha que Pequim reivindica como uma província chinesa. Xi e Biden devem falar brevemente.

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Wang Yi, ministro dos Negócios Estrangeiros da China Reuters/BERNADETT SZABO
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O ministro dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China, Wang Yi, disse este sábado ao conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jack Sullivan, que a questão de Taiwan é a principal ameaça às relações entre as duas superpotências.

“O principal risco para a paz e a estabilidade no estreito de Taiwan é a ‘independência de Taiwan’ e o principal desafio às relações China-EUA é, também, a ‘independência de Taiwan’”, afirmou o chefe da diplomacia chinesa, citado pela Reuters.

Wang e Sullivan reuniram-se em Banguecoque, na Tailândia, e revelaram que estão em curso preparativos para uma conversa telefónica, para breve, entre Xi Jinping, Presidente chinês, e Joe Biden, chefe de Estado norte-americano.

De acordo com o comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang defendeu que EUA e China devem tratar-se como iguais e respeitar os interesses um do outro, promovendo a “coexistência pacífica” e uma “cooperação em que ambas as partes ganham”.

Na passada quinta-feira, o Governo chinês criticou a Marinha norte-americana, catalogando a passagem de um contratorpedeiro dos EUA pelo estreito de Taiwan, na véspera, como uma “provocação”.

Segundo Wang, Taiwan é um “assunto interno” chinês e as últimas eleições, que deram a vitória a Lai Ching-te, que vai assumir o cargo de Presidente, “não alteram o facto básico” de que a ilha “faz parte da China”.

Lai, do Partido Democrático Progressista, é catalogado por Pequim e pela imprensa estatal chinesa como um “extremista”, um “separatista” e um “desordeiro”, que pretende “declarar a independência”. Derrotou o candidato do Kuomintang, que defendia o regresso do diálogo entre Pequim e Taipé.

No seu comunicado sobre o encontro entre Wang e Sullivan, a Casa Branca disse que o conselheiro de Segurança Nacional norte-americano “sublinhou a importância de se manter a paz e a estabilidade entre os dois lados do estreito de Taiwan”.

Apesar de não terem relações oficiais com o território taiwanês, autónomo desde 1949, mas que Pequim reivindica como uma província chinesa, os EUA são um dos seus principais fornecedores de armamento. Para além disso, Biden já deu a entender, mais do que uma vez, que Washington estaria disponível para usar a força para defender Taiwan, se esta for alvo de um ataque militar.

As autoridades políticas e militares taiwanesas não se têm cansado de denunciar incursões de aviões e de navios de guerra chineses cada vez mais recorrentes em redor do seu território e admitem que a China pode invadir Taiwan na próxima década.

Xi Jinping e o Partido Comunista Chinês tratam a “reunificação” entre China continental e Taiwan como um “desígnio histórico” e garantem que nunca irão renunciar ao uso da força para o alcançar.

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