Redacção do DN admite greve por tempo indeterminado e lança protesto na capa e site

Trabalhadores do Diário de Notícias exigem à Global Media o pagamento até 31 de Janeiro dos salários em atraso. Site com fundo negro e um ponto de interrogação na capa este sábado.

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Protesto recente perante a crise na Global Media Nuno Ferreira Santos
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A redacção do Diário de Notícias (DN), um dos títulos de imprensa detidos pelo Global Media Group, anunciou que avançará para uma greve por tempo indeterminado caso o grupo empresarial não regularize até 31 de Janeiro os salários em atraso. A decisão foi tomada em reunião de plenário realizada esta sexta-feira, segundo um comunicado a que o PÚBLICO teve acesso.

Os trabalhadores do jornal anunciaram ainda que vão "utilizar o Diário de Notícias, versão online e papel como forma de luta", bem como "colocar a manchete do site a negro durante 24 horas". Essa forma de protesto já foi implementada: o site do DN está neste momento com um fundo negro e, no topo da página, aparecem as mensagens: "DN em luta" e, ao lado, "DN em luta. 159 anos na vida de Portugal".

Na capa da edição especial do Diário de Notícias este sábado, foi colocado um grande ponto de interrogação onde se pode ler um texto com a palavra "Incógnitas" em destaque: "Nunca, no século e meio em que o Diário de Notícias foi uma constante na nossa vida, tanta incerteza se colocou aos que o fazem. Damos notícia todos os dias das dificuldades dos portugueses".

E prossegue: "É essa a nossa missão. A mais nobre missão de um jornal, mostrar a vida. As incertezas, mas as dos outros. Não somos a notícia. Excepto agora. Há mês e meio sem salário, os jornalistas do DN decidiram formas de luta contra as incertezas do seu futuro. Mas com uma certeza: enquanto pudermos, manteremos vivo este jornal".

As medidas surgem em reacção ao anúncio da administração de que o accionista maioritário do grupo, o World Oportunity Fund (WOF), não disponibilizará verbas para o pagamento das remunerações em atraso, que neste momento incluem na maioria das empresas da Global Media o salário de Dezembro e o subsídio de Natal, enquanto vigorar o pedido de arresto apresentado pelo empresário Marco Galinha e enquanto a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) não concluir o processo que tem em curso por violação das regras de transparência da titularidade de órgãos de comunicação social.

"Finalmente se percebeu uma coisa: o WOF não paga porque não quer, não porque não pode. A indignidade é do tamanho da falta de respeito sentida", declara a redacção do DN.

Os trabalhadores do jornal manifestaram ainda "total solidariedade com todos os que decidirem avançar para a suspensão imediata de contrato [de trabalho] prevista na lei em casos de incumprimento salarial", mas não decretaram a adesão colectiva à medida tal como anunciada em plenário pelas redacções d'O Jogo e do Jornal de Notícias, outros títulos detidos pela Global Media.

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