Japão quer tornar-se o quinto país a tocar na Lua esta sexta-feira
A sonda japonesa foi colocada na órbita do satélite natural da Terra no ano passado – e agora tenta pousar na Lua. É a primeira de várias tentativas de chegada à Lua que vão decorrer este ano.
O Japão quer ser o quinto país a colocar um veículo espacial na Lua com a tentativa de realizar uma alunagem prevista esta sexta-feira, o que seria um grande impulso para um programa espacial que sofreu vários contratempos nos últimos anos – e ainda viu a China eclipsar qualquer feito. Será a segunda fase da viagem desta sonda até à Lua, depois de ter entrado na órbita deste satélite natural em Setembro do ano passado.
A sonda lunar que o Japão lança esta sexta-feira, às 15h (hora em Portugal continental), e que foi apelidada de Atirador Lunar (moon sniper, em inglês), vai tentar pousar num espaço inferior a 100 metros do alvo, através de uma tecnologia que a Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA, na sigla em inglês) afirma ser única e essencial para a procura de água na Lua e, consequentemente, de condições de habitabilidade para os humanos.
O Japão tem procurado aumentar o papel que tem na geopolítica espacial, criando parcerias com os Estado Unidos em resposta aos avanços tecnológicos e militares da China. A JAXA, no entanto, apesar do investimento em empresas privadas do sector espacial, tem tido revés no seu crescimento – incluindo uma falha no lançamento do novo foguetão H3, em Março do ano passado.
Esta sexta-feira, os japoneses tentarão alunar a sonda SLIM (o nome oficial do Atirador Lunar) a sul do equador da Lua, num alvo pequeno face àquilo que é habitual nos voos para o satélite natural da Terra. “Nenhuma outra nação alcançou isto. Se provarmos que o Japão tem esta tecnologia, teremos uma grande vantagem em futuras missões internacionais como a Ártemis [programa espacial de regresso à Lua liderado pelos Estados Unidos]”, referiu Shinichiro Sakai, director do projecto SLIM.
A sonda lunar SLIM esteve mais de duas décadas em desenvolvimento e fará, agora, a sua tentativa de alunagem depois de ter sido colocada em órbita em Setembro do ano passado. A SLIM tentará alunar junto à cratera Shioli, perto do equador lunar, com o intuito de ter também a “alunagem mais precisa” até agora registada. À medida que a sonda desce à superfície lunar, reconhecerá o que está a sobrevoar comparando as imagens da câmara com as fotografias de satélite que tem na sua “memória” – e esta visão permitirá uma navegação mais exacta, espera a JAXA.
O quinto país a chegar à Lua
Apenas quatro países – a antiga União Soviética, os Estados Unidos, a China e a Índia – conseguiram pousar na superfície lunar. O Japão quer ser o quinto. A agência especial japonesa já pousou em dois pequenos asteróides, mas pousar na Lua é mais desafiante devido à gravidade. No ano passado, as sondas da Rússia e de uma empresa japonesa, a ispace, despenharam-se na superfície da Lua.
A Índia foi a última a conseguir fazer uma histórica alunagem no pólo Sul da Lua, com a Chandrayaan-3 em Agosto do ano passado, depois de uma corrida espacial contra a Rússia – que não chegou a pousar.
Há uma série de sondas lunares a caminho da Lua este ano. Uma empresa norte-americana, a Astrobotic, tinha planos para tentar alunar na semana passada, mas uma fuga de combustível abortou os planos ainda antes do lançamento. Mas há mais para o futuro.
A empresa Intuitive Machines, também dos Estados Unidos, quer lançar a sonda IM-1 em meados de Fevereiro, a China planeia lançar a Chang’e-6 para o “lado oculto” da Lua no primeiro semestre deste ano e a própria ispace, empresa japonesa, também pretende lançar uma nova missão à Lua este ano.
Os Estados Unidos não ficam de fora. Apesar do atraso anunciado para a segunda missão Ártemis, que levaria uma tripulação a orbitar a Lua no final deste ano – agora passou para 2025 –, será lançado o robô VIPER em Novembro, com a missão de explorar o pólo Sul da Lua.