Polícias apelam ao boicote de serviços remunerados como protesto

Vigílias, carros inoperacionais e recurso à baixa médica são algumas das formas encontradas pelos polícias para mostrar descontentamento. A que se soma agora o apelo para a recusa aos “remunerados”

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O protesto dos polícias está à beira de completar uma semana e continua sem fim à vista NFS Nuno Ferreira Santos?
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Para muitos agentes policiais o serviço remunerado, ou gratificado, é uma forma de completar o salário para fazer face às despesas mensais, mas há polícias que estão a apelar a um boicote geral a esse serviço já a partir do dia 19 de Janeiro.

A esta forma de protesto soma-se ainda o recurso às baixas e viaturas que alegadamente ficam inoperacionais. A suspeita de que algumas das avarias nos automóveis podem ter sido causadas propositadamente como forma de protesto levou já, de resto, o director nacional da PSP a determinar que “a entrega e recebimento de viaturas” sejam feitas pelo graduado de serviço, ficando as respectivas chaves "à guarda do graduado até ao início do turno seguinte”. As viaturas estão também a ser verificadas por mecânicos que "facilmente detectam a veracidade ou não das anomalias apontadas pelos polícias”, segundo a direcção nacional da PSP.

Os "remunerados" são serviços especiais de segurança pagos por entidades privadas, e exercidos fora do horário normal de serviço, por exemplo, nas médias e grandes superfícies comerciais.

Os agentes que fazem gratificados recebem 42,09 euros por quatro horas, se o serviço for efectuado entre as 8h e as 20h. Já se esse trabalho acontecer entre as 20h e as oito da manhã, a remuneração aumenta para 60,58 euros, valor pago também aos fins-de-semana e feriados. Os oficiais que também façam esses serviços excepcionais, como é o caso dos jogos de futebol, recebem 49,36 e 70,12, respectivamente. Mas é de salientar que este trabalho é feito fora do horário normal de serviço e implica que não cumpram o horário de descanso e que não estejam com a família.

No grupo na rede social Telegram, onde os polícias trocam mensagens e organizam as vigílias, circulam informações segundo as quais, na divisão de Vila Franca de Xira, dezenas de agentes já terão oficializado a intenção de deixar de fazer remunerados. Porém, nem todos concordam. Uns porque não podem deixar de os fazer, dada a necessidade deste valor extra para fazer face às despesas, outros porque receiam que essa actividade extra possa acabar de vez.

O movimento, que começou depois de um agente do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, Pedro Costa, ter iniciado, no domingo à noite, uma vigília em frente à Assembleia da República, em Lisboa, mantém-se. A acção tem contado com o apoio de outros elementos das forças de segurança, incluindo da GNR, que se têm concentrado em solidariedade quer no próprio Parlamento quer em frente a outras instituições de Norte a Sul do país. Ainda ontem à noite mais de 30 polícias passaram a noite em frente à Assembleia da República (AR), em tendas e sacos de cama.

O ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, também ontem disse que considera que “há possibilidade de aumentar entre 50 a 100 euros o subsídio de patrulha”. José Luís Carneiro asseverou que já falou desta possibilidade com o ministro das Finanças. “Parece-me possível e desejável que pudéssemos aumentar entre 50 a 100 euros este suplemento”, sublinhou o ministro, acrescentando que “a patrulha é uma prioridade política”.

Porém, a reacção dos polícias não foi a melhor. No grupo do Telegram, muitos agentes consideraram que aqueles valores não passavam de “esmolas”.

A contestação dos elementos da PSP e da GNR teve início após o Governo ter aprovado em 29 de Novembro o pagamento de um suplemento de missão para as carreiras da PJ, que, em alguns casos, pode representar um aumento de quase 700 euros por mês.

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