Jovens afegãs foram detidas e chicoteadas pelos taliban por mau uso do hijab

A polícia da moral deteve em Cabul, no Afeganistão, dezenas de jovens pelo mau uso do hijab em salas de aula, mercados e até centros comerciais. Além de detidas, foram chicoteadas.

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O correcto uso do hijab para os taliban implica que apenas se vejam os olhos Pexels/ Janko Ferlic
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Na última semana, o Ministério para a Propagação da Virtude e Prevenção do Vício deteve e agrediu dezenas de jovens afegãs em Cabul, no Afeganistão. Em causa, o uso de “maus hijab” e de maquilhagem. Além de detidas e chicoteadas, foram consideradas “infiéis” pelos taliban.

Foram detidas ou espancadas dezenas de mulheres (entre as quais adolescentes com 16 anos) em salas de aula, mercados e até centros comerciais, detalha a RTP. A polícia da moral tem levado a cabo estas detenções numa acção concertada contra o “mau uso” do véu islâmico.

Desde que assumiram o poder, em Agosto de 2021, os taliban têm restringido o acesso das mulheres à educação, ao trabalho e até à permanência em espaços públicos. Em Maio de 2022, foi emitido um decreto que define que as mulheres só podem sair à rua tapadas da cabeça aos pés, mostrando apenas os olhos.

Uma adolescente de 16 anos descreveu, em declarações ao The Guardian, o momento da detenção. Estava na aula de inglês e foi arrastada para uma carrinha da polícia com outras colegas. As que ofereceram resistência e confrontaram as autoridades foram espancadas. Ela foi chicoteada nos pés e nas pernas. Mais tarde, também o pai foi chicoteado por “criar raparigas imorais”.

"A minha indumentária era modesta e incluía uma máscara facial — uma precaução que adoptei desde a tomada de poder pelos taliban", disse ao Guardian. "No entanto, bateram-me, insistindo que o meu vestuário era impróprio." A jovem de 16 anos passou dois dias e duas noites na prisão.

Zabihullah Mujahid, porta-voz principal dos taliban, também prestou declarações através de uma mensagem de voz enviada ao The Guardian sobre as detenções, defendendo que não são “prática comum”.

Pelo contrário, aconteceram na sequência das suspeita do Ministério para a Propagação da Virtude e Prevenção do Vício sobre as famílias das jovens detidas. Estas famílias levantam preocupações por, alegadamente, serem apoiadas por grupos estrangeiros para promover a má utilização do hijab.

Na rede social X, antigo Twitter, têm surgido várias publicações sobre o tema. O relator especial das Nações Unidas para os Direitos Humanos no Afeganistão, Richard Bennett, disse que as detenções significam "lamentavelmente mais restrições à liberdade de expressão das mulheres e minam outros direitos".

Também a Missão de Assistência da ONU no Afeganistão expressou preocupação sobre a situação e apelou ao fim da “detenção arbitrária” das activistas da educação das raparigas afegãs. “Os direitos à família, aos advogados, aos cuidados e a um julgamento justo devem ser respeitados", lê-se na publicação.

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