NASA adia aterragem de astronautas na Lua para 2026

Motivo do adiamento de missões tripuladas à Lua: “desafios” na nave, disse a agência espacial norte-americana NASA.

Foto
O astronauta Harrison Schmitt na missão Apolo 17, a última do programa Apolo que esteve na Lua, em Dezembro de 1972 NASA/Reuters
Ouça este artigo
00:00
02:53

A NASA acaba de adiar o seu programa lunar Ártemis, que tinha previsto para 2026 a primeira alunagem de astronautas meio século depois de as últimas pessoas terem pisado a Lua, porque a nave da SpaceX de Elon Musk, a Lockheed Martin e outros fabricantes estão a enfrentar desafios no desenvolvimento dos aparelhos.

As primeiras duas missões do programa Ártemis que envolvem astronautas sofreram assim adiamentos de quase um ano, para “dar às equipas do Ártemis mais tempo de ultrapassar os desafios”, disse o administrador da NASA Bill Nelson em conferência de imprensa nesta terça-feira.

A missão Ártemis 3, a primeira alunagem com astronautas deste programa utilizando a nave Starship, da SpaceX, ficou agora marcada para Setembro de 2026, disse a NASA. Antes estava prevista para o final de 2025.

A missão Ártemis precursora da alunagem com astronautas, a Ártemis 2, prevista inicialmente para o final de 2024, também foi adiada e está agora planeada para Setembro de 2025. A Ártemis 2 envolve o voo de quatro astronautas na cápsula Órion, construída pela Lockheed, e que viajarão à volta da Lua e regressão à Terra. Na segunda-feira, a agência Reuters já tinha noticiado que os adiamentos estavam iminentes.

Os novos adiamentos “reconhecem os desafios reais de desenvolvimento sentidos pelos nossos parceiros da indústria”, disse Amit Kshatriya, o responsável pela estratégia da NASA de exploração da Lua e de Marte.

A viagem dos astronautas da NASA à Lua terá múltiplas naves no espaço: inicialmente, será lançada da Terra a bordo da Órion e depois transferida no espaço para o sistema Starship, da SpaceX, para ir à superfície lunar e regressar de lá.

Dificuldades no escudo térmico da cápsula Órion, a casca que protege os astronautas do calor na reentrada na atmosfera, nas baterias da nave e no sistema eléctrico estão entre as razões para o atraso, explicou Amit Kshatriya.

A Órion teve o primeiro lançamento no espaço sem pessoas a bordo em 2022, na missão Ártemis 1, que assinalou o primeiro voo de um foguetão poderoso da NASA, o Space Launch System.

A SpaceX, embora tenha feito testes de lançamento da Starship no Texas, ainda enfrenta uma longa lista de tarefas a cumprir antes que a nave possa aterrar astronautas na Lua. Tem de demonstrar que consegue atracar e reabastecer o “tanque” de outra Starship em órbita, um processo inerente ao seu design para transportar astronautas para lá da órbita da Terra. Amit Kshatriya considera estes avanços “extremamente desafiantes”.

Já Jessica Jensen, vice-presidente da SpaceX para as operações dos clientes e integração, que também estava na conferência de imprensa, desvalorizou os desafios inerentes à transferência de combustível. A SpaceX já demonstrou ser capaz de fazer atracagens semelhantes em órbita com a sua cápsula Crew Dragon, salientou Jessica Jensen, que informou que serão necessários cerca de dez lançamentos da Starship para encher o “tanque” da Starship que funcionará como uma estação de combustível em órbita. A Starship que irá alunar irá abastecer-se aí antes de ir pôr humanos na superfície da Lua.