Confirmada a primeira morte de um urso polar vítima do vírus da gripe das aves

A morte do urso polar foi confirmada pelo Departamento de Conservação Ambiental do Alasca em Dezembro de 2023, dois anos após a detecção do vírus naquele estado norte-americano pela primeira vez.

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A presença do vírus da gripe das aves foi confirmada nos tecidos do corpo de um urso polar, que estaria a alimentar-se de aves infectadas JOHN MACDOUGALL
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A morte de um urso polar vítima do vírus da gripe das aves (do subtipo H5N1) foi confirmada pelo Departamento de Conservação Ambiental do Alasca a 6 de Dezembro de 2023, dois anos após detecção do vírus naquela região, avançou agora o jornal norte-americano Alaska Beacon. Encontrado nas proximidades da cidade de Utqiagvik, em Outubro do ano passado, a morte do animal pelo vírus representa “o primeiro caso de um urso polar registado em todo o mundo”, contou o veterinário Bob Gerlach ao jornal norte-americano.

A presença do vírus foi confirmada nos tecidos do corpo do urso polar, que provavelmente estaria a alimentar-se de aves mortas infectadas, considera o veterinário. O Departamento de Conservação Ambiental do Alasca tem vindo a confirmar um número crescente de aves vitimadas por este vírus da gripe das aves, entre as quais águias, gaivotas e patos da região, juntamente com outros animais, como as raposas vermelhas, ursos pardos, ursos negros e galinhas, confirma-se no portal da Divisão de Saúde Ambiental do Veterinário Estadual.

Bob Gerlach não se considera surpreendido pela morte do primeiro urso polar, aludindo aos casos das outras espécies de ursos que sucumbiram no Alasca pelo vírus da gripe das aves nos últimos anos. Devido às dificuldades na documentação e detecção de casos de infecção entre a população de mamíferos selvagens, é ainda possível que existam mais ursos polares vítimas do vírus em locais remotos, entende o veterinário norte-americano: “Estamos dependentes das pessoas que andam por aí e dos biólogos que estão a fazer vigilância”, conta ao Alaska Beacon.

Classificados como “vulneráveis” na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), os ursos polares são uma das várias espécies vítimas das alterações climáticas. O derretimento do gelo, no qual estes animais se deslocam e caçam, tem vindo a colocar a sua população em declínio, com a IUCN a estimar que existem entre 22 mil a 31 mil ursos polares no planeta.

Em declarações ao jornal britânico The Guardian, Diana Bell, professora de biologia de conservação da Universidade de Ânglia Oriental, também não se assume surpreendida com a morte do urso polar pelo vírus da gripe das aves: “Nos últimos dois anos, a lista de mamíferos mortos tornou-se enorme. Matou uma gama tão vasta de mamíferos predadores e necrófagos que já não se trata apenas de uma doença das aves domésticas”, contou ao The Guardian.

Com início em 2021, o surto actual da variante altamente infecciosa do vírus da gripe das aves tem vindo a causar “a devastação das populações animais, incluindo aves de capoeira, aves selvagens e alguns mamíferos, e prejudicaram os meios de subsistência dos agricultores e o comércio de produtos alimentares”, afirmou em comunicado a Organização Mundial da Saúde (OMS), em Julho de 2023.

Biologicamente mais próximos dos humanos do que as aves, a crescente detecção do vírus entre mamíferos suscita algumas preocupações, nomeadamente o aparecimento de novas variantes mais prejudiciais para os animais e para os seres humanos, afirma a OMS. De acordo com esta organização, foram registados 868 casos de infecção por H5N1 em humanos entre 2003 e 2021.

Em Janeiro de 2023, a detecção do vírus entre visons-americanos na Galiza fez soar os alarmes entres os cientistas espanhóis, registando mutações no gene PB2 do vírus H5N1. Já entre Janeiro e Fevereiro desse mesmo ano, foram confirmados as mortes de mais de 600 leões-marinhos nas praias do Peru, lançando-se já a hipótese do vírus ter “aprendido” a transmitir-se de mamífero para mamífero. Ainda no continente sul-americano, surtos de gripe aviária em 2023 mataram perto de mil focas e leões-marinhos no estado brasileiro de Rio Grande do Sul. Ainda no ano passado, uma criança de 11 anos morreu na Camboja, devido à infecção por gripe das aves, em Fevereiro.

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