Europa desperdiçou mais de mil milhões com medicamento para covid-19

Até ao final de Fevereiro, 3,1 milhões de ciclos de comprimido da Pfizer deverão expirar, elevando o custo para 2,2 mil milhões de dólares.

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Reuters/WOLFGANG RATTAY

A notícia foi avançada pelo Financial Times esta segunda-feira, primeiro dia do ano: a Europa já desperdiçou mais de mil milhões de dólares com medicamentos antivirais fabricados pela Pfizer para combater a covid-19; o rigor do controlo sobre quem podia tomar o medicamento foi tal que o prazo de validade de milhões de doses terminou sem que estas tivessem sido usadas.

O medicamento chama-se Paxlovid e foi o primeiro antivírico de toma oral usado para tratar a covid-19 nos países da União Europeia. A Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês) recomendou em Janeiro de 2022 a comercialização para adultos que não precisavam de oxigénio suplementar e que corriam maior risco de desenvolver uma forma grave de covid-19.

Com efeito, os comprimidos podiam ser administrados a qualquer pessoa com teste positivo. Na prática, porém, em países como França, Reino Unido ou Itália, quase só foram dados a idosos e outras pessoas com alto risco de desenvolver covid grave.

O Financial Times cita dados do grupo de análise Airfinity, que indicam que os países europeus poderiam ter tornado o medicamento mais acessível. Mais de 1,5 milhões de ciclos de cinco dias do comprimido, no valor de cerca de 1,1 mil milhões de dólares, expiraram. Até ao final de Fevereiro, 3,1 milhões de ciclos deverão expirar, elevando o custo para 2,2 mil milhões de dólares.

Um analista da Airfinity adianta que alguns países podem ter comprado demasiado Paxlovid no final de 2021, quando a variante Omicron se propagava. Caindo o número de casos, também caiu a necessidade imediata. O jornal também cita a Pfizer: “A expiração e a destruição de doses podem ser uma consequência inevitável de uma pandemia, um resultado natural do objectivo colectivo de fabricantes e governos de enfrentar a crise de saúde pública rapidamente com o objectivo global de proteger as suas populações”.

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