Carrega Taylor Swift: cantora bate recorde de Elvis Presley
Intérprete de We Are Never Ever Getting Back Together começou 2024, o ano em que encherá ao Estádio da Luz em duas noites esgotadas, ultrapassando mais uma lenda.
O ano que agora terminou pertenceu em grande parte da cultura popular à cantora norte-americana Taylor Swift, personalidade do ano da revista Time, estrela de blockbuster surpresa com o filme-concerto The Eras Tour e estreante no clube dos bilionários. Agora, bateu o recorde da artista a solo que mais semanas consecutivas — 68 — passou em primeiro lugar no top de vendas da revista Billboard, ultrapassando Elvis Presley e as suas 67 semanas de êxito.
A reedição dos seus álbuns de acordo com as suas directrizes, depois de ter acusado o seu antigo manager, Scooter Braun, de “bullying incessante e manipulador”, garantiu-lhe um lugar quase constante na lista dos mais ouvidos e vendidos de 2023. Braun comprou a antiga editora de Swift e ficou com os direitos de autor sobre os masters das gravações da sua música. Mas Swift reagiu voltando a gravar os seus álbuns e relançando-os no mercado. Até agora, são seis os trabalhos já reeditados e o topo das tabelas tem-lhes pertencido.
No dia 31 de Dezembro de 2023, Swift bateu o recorde detido há décadas por Elvis Presley ao manter-se 68 semanas no top da Billboard, muito graças as 1989 (Taylor’s Version). Note-se que o recorde de Elvis faz-se com contas que começam em 1956 e passam pelo apogeu do “rei do rock”, mas que se espalham até 2002, com reedições de trabalhos seus, por exemplo; o mesmo acaba por suceder com Swift, que primeiro pontuou no top com as edições originais dos seus álbuns e agora regressa com as reedições ou novos trabalhos. Falta-lhe um pouco mais para bater o recorde dos recordes: os Beatles ficaram 132 semanas no cimo da tabela da Billboard, importante farol de resultados para a indústria musical. São também os detentores do recorde do maior número de álbuns que encimaram a lista de mais vendidos (19 discos).
A saber, os sucessos de Swift na Billboard começaram com os seus trabalhos ainda na antiga editora, com Fearless, depois com Speak Now, Red, 1989, Reputation, Lover, Folklore, Evermore e agora as novas versões de alguns dos seus álbuns mais importantes — Fearless (Taylor’s Version) (duas semanas no top em 2021); Red (Taylor’s Version) (uma semana no mesmo ano); Midnights (seis semanas entre 2022 e 2023); Speak Now (Taylor’s Version) (duas semanas no ano passado) e finalmente 1989 (Taylor’s Version) e as suas cinco semanas no top em 2023 e, já com as contas a dia 1, também em 2024.
No ano passado, Swift tornou-se também a primeira mulher a ter quatro álbuns ao mesmo tempo no Top 10 de vendas norte-americano; também é a primeira artista viva a ter cinco álbuns no Top 10 em simultâneo, algo que só Prince tinha conseguido; por fim, suplantou Barbra Streisand como a mulher com mais álbuns que ficaram em número 1 da história da música.
Com mais de 150 concertos previstos, incluindo duas datas esgotadíssimas em Portugal no Estádio da Luz, a sua digressão em curso, a Eras Tour, é a primeira tournée da história a ultrapassar a marca dos mil milhões de dólares de receitas brutas de bilheteira. O filme que junta três concertos da Eras Tour estreou-se em Portugal logo como o mais visto do fim-de-semana em causa e foi um dos fenómenos cinematográficos do ano, fruto de um negócio directo entre a estrela e a cadeia de cinemas AMC, nos EUA, que depois tratou da distribuição internacional.
A eliminação do maior número possível de intermediários, mesmo que pela força das circunstâncias — a elevada procura pelos bilhetes e os problemas das promotoras na bilhética, por exemplo, ou a disputa com o ex-manager que levou a cantora de 34 anos a regravar o seu espólio — é uma das forças do fenómeno Taylor Swift. Não só pela constante relação com os fãs, os swifties, como pelo engenho financeiro que lhe permite, no caso do filme-concerto, por exemplo, ficar directamente com 57% das receitas de bilheteira.
Pessoa do ano de 2023 para a Time, distinção que no ano anterior pertenceu a Volodymyr Zelensky, Presidente de um país em guerra após ter sido invadido pela Rússia, Swift foi escolhida não só pelos seus feitos criativos e empresariais mas também por ter “trazido alegria a uma sociedade que precisava desesperadamente dela”, segundo o director da revista. Foi o lado negocial que permitiu à Bloomberg fazer as contas e passar a incluí-la também em 2023 como membro do clube dos nomes que valem cifras na casa dos milhares de milhões de dólares.
A Eras Tour está agora numa pausa, saltando continentes e dirigindo-se ao Japão em Fevereiro. Em 2024, Swift deverá actuar 86 vezes nestes mega concertos de estádio que são já sinónimo de muito sofrimento para se arranjar bilhetes e de alegria para quem os consegue adquirir. E vai regravar mais dois discos. Alguns compradores dos bilhetes para os concertos de 24 e 25 de Maio no Estádio da Luz têm-se queixado da plataforma See Tickets, que meses depois de finalizadas as compras e emitidos os bilhetes, resgatou alguns alegando irregularidades nas compras que os fãs garantem não ter cometido (excesso de bilhetes comprados com um mesmo código, por exemplo).
O ano passado não foi só de triunfo para Taylor Swift. Fenómeno de massas, as multidões que arrasta sofrem as consequências do seu encanto pela estrela pop e pelas condições que lhes são dadas para o professar. A morte de uma fã brasileira a 17 de Novembro foi um dos pontos negros de um ano de sucesso, fruto da parca distribuição de água no estádio durante uma onda de calor de valores históricos, e que de acordo com o jornal Folha de São Paulo terá estado na origem de um ataque cardíaco da vítima em resultado das temperaturas extremas sentidas no recinto. A polícia confirmou, num relatório publicado na semana passada, que Ana Clara Benevides morreu de exaustão pelo calor que levou a problemas cardiovasculares e respiratórios.