Portugal perto dos 80 mil nascimentos. Curva dos “testes do pezinho” volta a subir

Até Novembro foram estudados 79.078 recém-nascidos no âmbito do “teste do pezinho”. São mais 2386 do que no mesmo período de 2022.

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Anda sem o ano fechado, Novembro foi o mês deste ano que registou o maior número de "testes do pezinho" Manuel Roberto (arquivo)
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Portugal está próximo de ultrapassar a barreira dos 80 mil nascimentos e deverá terminar o ano com mais crianças nascidas do que no ano passado. Até Novembro foram estudados 79.078 recém-nascidos no âmbito do “teste do pezinho”. São mais 2386 do que no mesmo período de 2022 (76.692), segundo dados enviados ao PÚBLICO.

Estes dados, como explica o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa), “dizem respeito ao número de recém-nascidos estudados no âmbito do Programa Nacional de Rastreio Neonatal (PNRN)” e “não ao número de nascimentos em Portugal”. Mas dão um retrato muito aproximado da realidade nacional, já que a todas as crianças nascidas é feito este rastreio que permite detectar doenças raras e graves.

De acordo com os dados, neste ano, Novembro foi o mês que registou o maior número de testes do pezinho (7779), seguido de Agosto (7661), Janeiro (7649), Outubro (7632), Maio (7506), Março (7196), Setembro (7170), Junho (7053), Julho (7034), Fevereiro (6220) e Abril (6178).

Sem surpresa, Lisboa (com 23.805 recém-nascidos rastreados) e Porto (com 14.206) foram distritos que registaram mais nascimentos nos primeiros 11 meses deste ano. Setúbal (6396), Braga (5837) e Faro (4076) completam a lista de distritos com mais bebés nascidos.

O número de bebés rastreados até Novembro é pouco diferente do total de 2021 (quando foram rastreados 79.217 recém-nascidos), ano em que se registou uma quebra que deixou Portugal abaixo dos 80 mil nascimentos. Segundo dados da Pordata, em 2021 registaram-se 79.582 nados-vivos.

A manter-se a tendência registada nos primeiros 11 meses deste ano, Portugal vai ultrapassar a barreira dos 80 mil nascimentos e o número registado no ano passado. Um acréscimo de nascimentos que ajudará a atenuar a tendência de envelhecimento da população e o efeito negativo do saldo natural (diferença entre nados-vivos e óbitos).

Segundo as estatísticas vitais, que o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou em Outubro, o saldo natural, que se tem mantido negativo há pelo menos uma década, piorou em Agosto, mês em que houve mais 2311 mortes do que nascimentos.

Doenças raras rastreadas

O PNRN, mais conhecido por “teste do pezinho”, existe desde 1979 e tem por objectivo rastrear “doenças raras potencialmente graves em todos os recém-nascidos”. Segundo o Insa, “no âmbito deste Programa e no período de 1979-2022, foram rastreados 4 milhões e 130 mil recém-nascidos, permitindo o diagnóstico de 2542 doentes”.

“Este teste permite identificar as crianças que sofrem destas doenças, quase sempre genéticas e que devem ser tratadas o mais precocemente possível”, explica o Insa. Actualmente, são rastreadas 28 doenças.

Neste ano, a lista passou a incluir a drepanocitose (doença hereditária causada por uma mutação da hemoglobina que altera a forma dos glóbulos vermelhos), após conclusão de um estudo-piloto em Dezembro de 2022.

Também são rastreadas de forma sistemática pelo PNRN outras doenças como o hipotiroidismo congénito, a fibrose quística e 24 doenças hereditárias do metabolismo. O rastreio da atrofia muscular espinal, ainda em estudo-piloto, foi iniciado em Outubro de 2022.

No ano passado, adianta o Insa, dos 83.436 recém-nascidos rastreados, foram diagnosticados 129 casos de doença: “36 casos de doenças hereditárias do metabolismo; 49 casos de hipotiroidismo congénito, seis casos de fibrose quística, 37 casos de drepanocitose e um caso de atrofia muscular espinal.”

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