O ano de 2024 pode trazer auroras boreais mais intensas e em locais de baixa latitude

O pico do ciclo de actividade solar vai ocorrer em 2024 e este fenómeno promete o avistamento de “auroras boreais mais intensas”. Ainda assim, é pouco provável serem observadas em Portugal.

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As auroras boreais podem não ser avistadas em Portugal Mark Blinch/Reuters
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Não se tem por hábito pensar em todas as funções do Sol, apesar de esta estrela nos seguir para todo o lado. Tem influência no clima, nas correntes marítimas e nas estações do ano, só para mencionar algumas. O que nos pode escapar à vista é a forma como a actividade solar interfere com o surgimento de auroras boreais.

No próximo ano, o ciclo de actividade solar, que dura 11 anos, vai atingir o seu pico. Este fenómeno vai traduzir-se no aumento da intensidade das auroras boreais e, provavelmente, na possível observação deste espectáculo de luzes em zonas de baixa latitude, como é o caso da Europa.

Prevê-se assim que no início de 2024, a actividade do Sol aumente e que, por isso, sejam desencadeadas “mais tempestades e ventos solares, e ejecções de massa coronal – fenómenos que originam auroras boreais”, esclarece Ricardo Gafeira, investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, na Universidade de Coimbra.

Os ventos solares – fluxos de partículas – são constantes ao longo do ciclo de actividade solar e tendem a provocar, durante todo o ano, “auroras boreais mais ou menos intensas”, explica Ricardo Gafeira. Em contraste, as ejecções de massa coronal, desencadeadas pelas tempestades solares, originam fenómenos mais fortes.

Quando acontece uma tempestade solar, é libertada massa de plasma da atmosfera solar (ejecção de massa coronal), em formato de partículas, e os ventos solares tornam-se mais fortes. Se estas partículas interagirem com o campo magnético da Terra e atingirem as camadas mais altas da atmosfera, são criadas auroras boreais maiores.

Como o Sol vai atingir o seu máximo de actividade, “vão ser produzidas mais tempestades e os ventos solares vão tornar-se mais densos e energéticos”, explica ainda Ricardo Gafeira. Como tal, poderão chegar à Terra partículas em maior número e com mais energia, o que resultará em espectáculos luminosos maiores.

É por essa razão que “podemos dizer com segurança que é expectável que tenhamos auroras boreais mais intensas e que as probabilidades de serem visionadas em latitudes mais baixas são maiores”, acrescenta o investigador.

Para Fernando Pinheiro, cientista do Centro de Investigação da Terra e do Espaço da Universidade de Coimbra, “o próximo ano apresenta-se como uma óptima oportunidade paras as pessoas verem auroras boreais”. Mas “não devemos ter demasiadas expectativas de as vermos em Portugal”, nota. “É extremamente improvável, embora possa acontecer, já que estamos a falar do pico de actividade solar”, diz. Ainda assim, a acontecer, este fenómeno pode não ser observado facilmente, porque a poluição luminosa dificulta o avistamento destas auroras boreais.

O ideal é que quem tenha essa possibilidade “possa observá-las noutros países, como por exemplo na Finlândia e no Canadá”, recomenda Fernando Pinheiro. Já Ricardo Gafeira aponta a Islândia e o Norte da Noruega como outros pontos onde este fenómeno pode ser apreciado. Normalmente, as auroras boreais conseguem ser avistadas mais facilmente quanto mais próximos estivermos do Árctico.

Texto editado por Teresa Firmino

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