Mais de 100 mortos num ataque de Israel na Faixa de Gaza

Sobreviventes contam que tentaram tirar pessoas debaixo dos escombros com as mãos após um ataque no campo de Maghazi.

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Escombros do ataque israelita ao campo de Maghazi, no centro da Faixa de Gaza MOHAMMED SABER/EPA
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Um ataque do Exército israelita deixou pelo menos 106 mortos no campo de refugiados de Maghazi, segundo responsáveis palestinianos, no que um sobrevivente chamou “o completo extermínio de uma zona residencial”, segundo a emissora pan-árabe Al Jazeera. É um dos ataques mais mortíferos de Israel na Faixa de Gaza desde 7 de Outubro.

O sobrevivente Abu al-Eis, ouvido pela Al Jazeera, contou que além das famílias que viviam no local, havia ainda muitas pessoas deslocadas de outras zonas do território.

A jornalista Hind Khoudary estava no local na segunda-feira e descreveu como as pessoas estavam a tentar, com as próprias mãos, retirar sobreviventes dos escombros, já que não havia equipas de socorristas presentes, nem ambulâncias. “Um homem diz que cinco familiares seus estão debaixo dos escombros, incluindo o filho de dois meses”, disse Khoudary. “Cheira a sangue, vemos corpos desfeitos, e acabámos de ver ser retirado um bebé dos escombros.”

O Exército israelita disse que estava a analisar o ataque, sem fazer mais comentários.

Um homem citado pela BBC disse que a sua família tinha saído do Norte da Faixa de Gaza segundo as orientações de Israel. A sua filha e netos morreram no ataque. “Viviam no terceiro andar de um dos edifícios”, disse. “A parede caiu-lhes em cima. Os meus netos, a minha filha, o marido – todos mortos”, disse.

“Somos todos alvos. Os civis são alvo. Não há lugares seguros. Disseram-nos para sair da cidade de Gaza – viemos para o centro de Gaza morrer.”

O Crescente Vermelho palestiniano disse que ataques israelitas “intensos” tinham levado a que não fosse possível circular entre Maghazi e outros dois campos, Al-Bureij e Al-Nuseirat.

O número de mortos do ataque, que aconteceu no domingo à noite, foi dado como sendo de 68, mas na segunda-feira foram retirados mais de 30 corpos dos escombros, levados depois para o hospital dos Mártires de Al-Qasa, em Deir al-Balah.

Nos registos do hospital, vistos por um jornalista da Associated Press, estavam indicados 106 mortos, segundo o diário israelita Haaretz.

Um porta-voz do ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, disse que o número de mortos iria aumentar, e acusou Israel de “levar a cabo um massacre numa zona residencial cheia de gente”.

O jornalista da Al Jazeera Hani Mahmoud, que está em Rafah, no Sul da Faixa de Gaza, disse que o ataque atingiu várias casas e edifícios, destruindo ainda estradas de acesso.

O jornalista comentou que desde a aprovação, na sexta-feira, de uma resolução no Conselho de Segurança da ONU para aumentar a ajuda humanitária que entra no território, onde a fome está a tornar-se generalizada e já são muito poucos os hospitais a prestar cuidados de saúde, os raides aéreos de Israel aumentaram de intensidade. “Há um enorme desfasamento entre o nível de destruição causado pelas forças israelitas e a promessa de mais ajuda”, disse Mahmoud.

Ataque na Síria

Enquanto isso, um responsável dos Guardas da Revolução, do Irão, foi morto em Damasco, num ataque atribuído a Israel, segundo disseram três fontes de serviços de segurança à Reuters e segundo noticiaram media iranianos (Israel raramente admite que levou a cabo ataques na Síria).

O responsável morto, Sayyed Razi Mousavi, faria a coordenação da aliança militar entre a Síria e o Irão. Os Guardas da Revolução são não só uma força militar de elite, mas controlam também várias áreas da vida do Irão, com grande peso nos negócios.

A televisão estatal iraniana interrompeu a sua programação para anunciar a morte de Mousavi, dizendo que era um dos mais antigos conselheiros da força iraniana na Síria, segundo a Reuters.

Apesar de não o admitir, Israel leva a cabo regularmente ataques na Síria temendo a presença iraniana no país vizinho: a influência iraniana aumentou muito na Síria desde a revolta contra o Presidente Bashar Al-Assad de 2011, que se transformou numa guerra civil, com Assad a sobreviver graças ao apoio do Irão e da Rússia.

Os Guardas da Revolução emitiam um comunicado prometendo vingança contra Israel. No Estado hebraico, fizeram-se preparativos para um aumento de disparos para o Norte do país vindos do Sul do Líbano, onde opera o Hezbollah, movimento xiita apoiado pelo Irão.

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