Montenegro pede que se comparem anúncios com obras de Pedro Nuno Santos como ministro

“Há muitos que prometem a capacidade de decisão, mas que são a demonstração cabal de que entre aquilo que dizem e aquilo que fazem há uma enormíssima diferença”, criticou o líder do PSD.

Foto
Montenegro está de visita ao distrito de Aveiro no âmbito do programa Sentir Portugal LUSA/PAULO NOVAIS

O líder do PSD pediu nesta quarta-feira aos portugueses que olhem para quem tutelou a habitação e as infra-estruturas nos últimos anos e comparem os anúncios de grandes projectos com a capacidade realizadora.

Falando na Costa Nova, Ílhavo, durante a visita que está a fazer ao distrito de Aveiro, Luís Montenegro devolveu a Pedro Nuno Santos o argumento da incapacidade de decisão. "Há muitos que prometem a capacidade de decisão, mas que são a demonstração cabal de que entre aquilo que dizem e aquilo que fazem há uma enormíssima diferença", declarou Montenegro aos jornalistas, numa referência ao novo líder do PS, que tutelou as Infra-estruturas entre 2019 e 2023.

O líder do PSD deixou a interrogação: "Quem é que tutelou nos últimos anos a habitação e as infra-estruturas?", pedindo depois a comparação entre "aquilo que foram as sessões de apresentação de grandes projectos e o resultado".

Luís Montenegro disse ter voltado a encontrar os mesmos problemas da última campanha eleitoral, no périplo pelo distrito de Aveiro, para se vangloriar da vitória que alcançou sobre Pedro Nuno Santos no distrito.

"Foi uma campanha de boa memória para mim, particularmente em 2015, porque, apesar de todos os constrangimentos do ciclo político 2011/2015, nós obtivemos aqui uma expressiva vitória, curiosamente, com os dois cabeças de lista do lado do PSD e do lado do PS, que hoje são os respectivos líderes partidários", lembrou.

Além de voltar a acentuar as diferenças entre PS e PSD, Montenegro criticou os benefícios concedidos a quem não está no activo, reclamando o aumento de salários e a redução da carga fiscal de quem trabalha."Nós temos a convicção de que um país não é verdadeiramente justo quando há pessoas que não trabalham com rendimento líquido mensal superior ao das pessoas que trabalham", disse.

No entanto, defendeu a protecção das pessoas vulneráveis, nomeadamente dos pensionistas: "Nós temos uma proposta para melhorar o rendimento dos pensionistas, garantindo um rendimento mínimo de 820 euros até ao final da próxima legislatura."

Montenegro disse ainda estar preocupado em dar um médico de família a todos os cidadãos que vivem em Portugal, "uma promessa que o Governo anterior não só não conseguiu cumprir, como ainda se agravou a situação em 2023".

Proferiu também palavras de preocupação sobre "a escola pública em crise", com "muitos portugueses a usarem as economias das suas famílias para proporcionarem aos jovens estudantes uma resposta que o sistema público não dá".

Pedro Nuno foi "duplamente desonesto" sobre entendimentos do PSD com o Chega

Ainda sobre o novo secretário-geral do PS, Luís Montenegro considerou duplamente desonestas as suas declarações sobre um entendimento entre os sociais-democratas e o Chega. "Se Pedro Nuno Santos não está habituado a ter posições sérias e consequentes, não é um problema meu. Eu estou e eu já disse o que é que pensava e nem sequer preciso de repetir e vou cumprir a minha palavra", afirmou Montenegro.

Na terça-feira, no jantar de Natal do grupo parlamentar socialista, Pedro Nuno Santos considerou que as declarações do ex-presidente social-democrata Pedro Passos Coelho pretenderam "defender um entendimento do PSD com o Chega" na sequência das eleições antecipadas de 10 de Março. Para o secretário-geral recentemente eleito, o antigo primeiro-ministro social-democrata "apenas veio dizer aquilo que o líder do PSD também quer, mas não consegue assumir".

Questionado hoje sobre essas declarações, Luís Montenegro acusou Pedro Nuno Santos de ter sido "duplamente desonesto", alegando que nem Pedro Passos Coelho defendeu um entendimento com o Chega, nem a sua posição "é susceptível de ser colocada em dúvida". A "tentativa da chamada esquerda política portuguesa de tentar deturpar as palavras dos oponentes políticos é um esforço que não resolve nada", salientou Montenegro, garantindo que se recusa a contribuir para isso.

Actualizado às 16h13 com declarações sobre entendimentos com o Chega