Entre o Natal e as guerras, como hamsters numa roda
Apesar dos Natais e apesar dos esforços, não conseguimos deixar de ser perigosos bichos.
No Natal de 2022, escreveu-se nesta crónica que se guerra fosse só uma palavra, outro Natal cantaria. Não cantou. Nem a guerra é só uma palavra, por mais que queiramos. São bombas, casas destruídas, mortes em espirais imparáveis, tudo bem regado a demagogia, mentiras e ódio. Nenhuma novidade, infelizmente. Há séculos que assim é, pela incontrolável pulsão humana de subjugar, invadir, matar, cantar vitória e depois morrer, que a vida não é eterna, mesmo para os carrascos. Claro que o Natal, ou o espírito que lhe é tradicionalmente associado (o de passageira humanidade, paz e concórdia), surge sempre, nesta época, como um manto amolecedor a iludir a dura realidade. Porém, nas casas onde o Natal é de terror e se escreve com sangue, é esta que acaba por emergir e abafar os cânticos.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.