Grupos climáticos ingleses promovem acções judiciais contra projecto petrolífero

Greenpeace UK e o grupo de activistas Uplift querem impedir o desenvolvimento do campo de petróleo e gás Rosebank, projecto de grandes dimensões no mar do Norte.

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Imagem de um protesto de 2020 da Greenpeace contra os combustíveis fósseis WOLFGANG RATTAY/REUTERS/ARQUIVO
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Os grupos Greenpeace UK e Uplift lançaram duas acções judiciais, em separado, contra a decisão da ministra da Energia, Claire Coutinho, e da Autoridade para a Transição do Mar do Norte (NSTA, na sigla em inglês). Para os activistas climáticos, o desenvolvimento do Rosebank, o maior campo de petróleo e gás por explorar no país, no mar do Norte, é incompatível com os compromissos climáticos legalmente vinculados pelo antigo Governo de Boris Johnson, em 2019. O tribunal de Edimburgo terá de decidir se concede uma audiência para o caso em inícios de 2024.

No site do movimento, Vamos levar o governo a tribunal, pode ler-se que a decisão não é apenas moral e economicamente errada, mas também ilegal. ​Ao The Guardian, Theresa Kan, do grupo de activistas Uplift, declarou que “se o Rosebank for para a frente, o Reino Unido vai estragar os seus próprios planos para se manter dentro dos limites climáticos seguros”. Caso o Governo discorde dos activistas, que o acusam de ignorar o impacto da queima de petróleo no local, a 130 quilómetros das ilhas Shetland, arquipélago no norte da Escócia, terá de “prová-lo em tribunal”.

A proposta contraria as declarações da Agência Internacional de Energia, para a qual limitar o aquecimento global depende da não exploração de novas áreas de petróleo e gás. Estima-se que o Rosebank possa produzir, ao longo da sua vida útil, 500 milhões de barris de petróleo. Quando queimados, estes barris equivalerão à actividade de 56 centrais eléctricas a carvão durante um ano, compara o The Guardian. “É como construir uma bomba e dizer que é completamente inofensiva, desde que ninguém a detone”, afirma Areeba Hamid, co-directora executiva da Greenpeace UK.

A exploração do campo petrolífero foi aprovada em Setembro deste ano, um mês depois de a Greenpeace UK ter pendurado 200 metros de tecido negro — como símbolo do petróleo — na fachada da residência privada de Rishi Sunak, primeiro-ministro britânico.

Embora Sunak defenda uma “abordagem proporcionada” com vista à futura neutralidade carbónica, meta para 2050, o Governo britânico tem sido acusado de ceder aos lucros da indústria petrolífera e de recuar na acção climática.

De acordo com o relatório do Comité das Alterações Climáticas, um órgão consultivo independente do Governo, é certo que “o Reino Unido continuará a precisar de petróleo e gás até atingir a neutralidade carbónica, mas isso não justifica, por si só, o desenvolvimento de novos campos no mar do Norte”.

De acordo com o jornal inglês, mais de 200 organizações britânicas já se juntaram aos protestos, que têm mobilizado dezenas de milhares de pessoas. Face ao aumento dos protestos climáticos no país, o Governo tem aplicado medidas drásticas: já dois activistas foram sentenciados a três e dois anos e sete meses de prisão por terem parado o trânsito.

Texto editado por Claudia Carvalho Silva