BCE mantém taxas de juro e revela mais optimismo sobre a inflação

Sem surpresas, a autoridade monetária europeia prolongou o período de estabilização das taxas de juro, dando ao mesmo tempo sinais de que está mais contente com o rumo dos preços na zona euro.

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Christine Lagarde, presidente do BCE, com o vice-presidente, Luís de Guindos Reuters/WOLFGANG RATTAY
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O conselho de governadores do Banco Central Europeu (BCE) decidiu esta quinta-feira, tal como já o tinha feito em Outubro, não alterar as suas taxas de juro. Respondendo à expectativa dos mercados de que uma descida de taxas de juro está mais próxima, Christine Lagarde e os seus pares sinalizam que não vão mudar de rumo tão cedo, mas ainda assim revelam estar mais confiantes numa evolução mais favorável da inflação.

Sem surpresas, no final da reunião realizada em Frankfurt pelo órgão presidido por Christine Lagarde e do qual faz também parte Mário Centeno, a taxa de juro de depósito do BCE, que é neste momento a principal referência para o custo do dinheiro na zona euro, manteve-se em 4%, o valor em que foi colocada no passado mês Setembro.

Nessa altura, depois de realizar a décima subida de taxas de juro consecutiva entre Julho de 2022 e Setembro de 2023, a taxa de juro de depósito passou de -0,5% para 4% os responsáveis do banco central assinalaram que “as taxas de juro chave do BCE atingiram níveis que, se mantidos por um período de tempo suficientemente longo, irão dar uma contribuição substancial [para o objectivo de garantir que a inflação regressa atempadamente à meta de médio prazo de 2%]", sinalizando deste modo que as subidas de taxas de juro poderiam ter finalmente chegado ao fim e que, a partir desse momento, se iria assistir a uma estabilização deste indicador na zona euro.​

Em Outubro, no final da reunião do dia 26, o BCE confirmou essa expectativa, optando por não mexer nas taxas de juro. E agora, voltou a fazer o mesmo, repetindo a ideia de que manter as taxas de juro ao actual nível por um período "suficientemente longo" é aquilo que é preciso para garantir que o objectivo de 2% para a inflação é atingido no médio prazo.

No entanto, mostra o comunicado emitido pelo BCE, há claramente uma maior confiança entre os responsáveis do banco central no desfecho do combate que estão a travar com a inflação.

Embora alertando que, no curto prazo, a variação dos preços pode voltar a subir, os responsáveis do BCE revelam, no comunicado, que as previsões para a inflação foram revistas em baixa. Agora, o banco central está à espera que em 2024, a taxa de inflação na zona euro se cifre em 2,7% em 2024 (quando antes previa 3,1%), aproximando-se em 2025 da meta, com um valor de 2,1%. Também no que diz ao crescimento da economia da zona euro, é feita uma revisão em baixa.

Esta maior confiança promete animar ainda mais o debate em torno do que irá fazer o BCE ao longo de 2024. Se, até agora, a discussão era sobre até onde é que o banco central quererá elevar as taxas de juro para combater a taxa de inflação, agora passou definitivamente a ser sobre o momento em que o BCE começará a mudar de rumo, baixando as taxas de juro, e a que velocidade o fará.

Esta convicção crescente de que o próximo passo do BCE já será uma descida baseia-se essencialmente no facto de a taxa de inflação na zona euro estar a cair mais rápido do que aquilo que era previsto, tendo-se cifrado em 2,4%, algo que o BCE agora confirma.

A decisão tomada esta quinta-feira pelo BCE acontece depois de, no dia anterior, a Reserva Federal norte-americana ter optado igualmente por manter a sua taxa de juro de referência ao mesmo nível e de ter dado sinais de que aponta agora para a realização de uma redução de 0,75 pontos percentuais neste indicador ao longo de 2024.

Também nesta reunião, os responsáveis do BCE decidiram igualmente acelerar o processo de redução do balanço da instituição, agendando para a segunda metade do próximo ano o fim do reinvestimento dos títulos de dívida comprados em resposta à pandemia.

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