Enviar doentes não urgentes para centros de saúde só serve “para entreter”, diz Raimundo

A medida do Governo “não resolve o problema de fundo, que só se vai resolver com investimento no Serviço Nacional de Saúde, com a fixação de médicos”, defende o líder do PCP.

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Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP LUSA/CARLOS M. ALMEIDA

O secretário-geral do PCP criticou esta quinta-feira a decisão do Governo de reencaminhar doentes não urgentes para consultas nos centros de saúde para aliviar as urgências hospitalares, alegando que não vai resolver nada e só serve "para entreter".

"Se hoje as pessoas já não conseguem aceder a consultas e têm de ir de madrugada para conseguir uma consulta no próprio dia ou no mês seguinte, como é que isso se vai aplicar", questionou Paulo Raimundo, à margem de uma visita à feira da Malveira, no concelho de Mafra.

Para o dirigente comunista, a medida é "só para nos entreter, para empurrar com a barriga e não resolve o problema de fundo, que só se vai resolver com investimento no Serviço Nacional de Saúde, com a fixação de médicos".

"Se houvesse retaguarda, com centros de saúde abertos até mais tarde e em permanência durante a noite, se calhar as urgências dos hospitais eram aliviadas, não porque as pessoas deixavam de estar doentes, mas porque teriam retaguarda e isso é que faz falta", defendeu.

O PÚBLICO avançou esta quinta-feira, citando um projecto de portaria do ministério da Saúde a ser colocado em consulta pública durante um mês, que o Governo quer que doentes com pulseiras azuis e verdes sejam excluídos das urgências e encaminhados para uma consulta, no próprio dia ou no dia seguinte, num centro de saúde ou hospital de dia.

"Mal de nós" se caso das gémeas só se esclarecer na próxima legislatura

Sobre o caso do tratamento das gémeas luso-brasileiras, Paulo Raimundo considera que o alegado favorecimento tem de ficar esclarecido antes da próxima legislatura, pelos nomes que estão implicados.

"Uma situação dessas, com os nomes implicados que estão, tem de ser esclarecida o mais depressa possível, e mal de nós se estivermos à espera da próxima legislatura, lá para Abril ou Maio do próximo ano, para termos isso esclarecido. Não pode ser, tem de ser mais rápido", disse.

O líder comunista enalteceu, contudo, a rapidez da conclusão do relatório conhecido na quarta-feira. E reiterou a necessidade de se esclarecer o caso do alegado favorecimento das gémeas, quando, justificou, o que já se conhece do relatório "contradiz em parte um conjunto de questões que foram avançadas por esta ou por aquela pessoa".

Paulo Raimundo questionou também o custo do medicamento dado às gémeas, no valor estimado de cerca de dois milhões de euros. "Como é possível haver um medicamento que custa dois milhões de euros para o tratamento de uma doença rara", questionou o dirigente comunista, acrescentando que "não se compreende e é preciso actuar junto da indústria farmacêutica perante situações destas".

Questionado sobre a audição dos pais das crianças para o esclarecimento do caso, o secretário-geral comunista defendeu que "se for possível não sujeitar os pais a esse confronto era mais adequado", pedindo a que cada um pense no que "faria para salvar os seus filhos".