Activistas climáticos penduraram-se no viaduto Duarte Pacheco, em Lisboa

Activistas do grupo Climáximo penduraram-se no viaduto Duarte Pacheco, em Lisboa, pelas 9h00 desta quinta-feira. O trânsito só foi normalizado cerca de 90 minutos após o início do protesto.

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Dois activistas penduraram no viaduto uma faixa vermelha onde se lia “O Governo e as empresas declararam guerra à sociedade e ao planeta” Climaximo/DR
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Os bombeiros chegaram pelas 9h40 para tentar retirar os activistas do viaduto Ana Sofia Malheiro
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Activistas climáticos sentaram-se na via junto ao viaduto Duarte Pacheco, em Lisboa, reivindicando uma acção climática mais robusta Ana Sofia Malheiro
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Activistas da Climáximo voltam a condicionar o trânsito esta quinta-feira em Lisboa Ana Sofia Malheiro
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Activistas climáticos penduraram-se no viaduto Duarte Pacheco, em Lisboa, por volta das 9h00 desta quinta-feira, expondo uma faixa vermelha onde se lia “O Governo e as empresas declararam guerra à sociedade e ao planeta”. Outros membros do colectivo Climáximo sentaram-se na artéria junto ao viaduto, condicionando o trânsito no sentido Amoreiras durante 20 minutos. Ao todo a circulação automóvel foi perturbada durante 90 minutos.

Onze activistas foram detidos por desobediência civil e por terem interrompido a circulação rodoviária, segundo o gabinete de relações públicas da PSP. Já um comunicado da Climáximo fala em dez membros detidos e “levados para a esquadra do Calvário”, em Lisboa.

Passada uma conferência de clima [COP28] sem qualquer acordo vinculativo, presidida pelo executivo de uma petrolífera [Sultan Al-Jaber], a sociedade não pode voltar à complacência da marcha rumo ao abismo. Por isso mesmo, apoiantes do Climáximo interromperam uma das principais artérias de acesso à cidade de Lisboa, onde centenas de milhares de carros entram todos os dias, muitos sem qualquer alternativa de transportes públicos acessíveis”, refere uma nota de imprensa da Climáximo.

Ao todo mais de dez activistas estiveram envolvidos na acção de protesto na Avenida Engenheiro Duarte Pacheco, próximo da entrada do túnel do Marquês de Pombal, refere uma nota de imprensa da Climáximo. Os manifestantes dividiram-se em dois grupos: enquanto oito jovens condicionavam o trânsito, outros dois penduraram-se no viaduto com a faixa vermelha. Um outro elemento dava apoio ao grupo limitando o acesso ao viaduto.

As autoridades policiais chegaram ao local cerca de 15 minutos após o início da acção de protesto, identificando os oito activistas que estavam na cota inferior. Um deles, Hugo Paz, recusou-se a facultar um número de telemóvel e foi algemado pelas forças policiais.

Já os dois que se penduraram no viaduto continuavam em protesto pelas 9h40, quando os bombeiros chegaram ao local. Foi necessário voltar a limitar a circulação automóvel para que os bombeiros pudessem romper as cordas que sustentavam os activistas, com o objectivo de os retirar do viaduto em segurança. A operação ficou concluída pelas 10h35, quando o trânsito voltou a fluir.

Reacção da população

O protesto desencadeou alguns confrontos com a população. Houve quem gritasse que as pessoas tinhamde ir trabalhar e ir para a escola”, ou mesmo que os jovens envolvidos deveriam ir trabalhar. Alguns homens tentaram agarrar e arrastar activistas no local, numa tentativa de desimpedir o trânsito automóvel e repor a normalidade.

Activistas da Climáximo condicionaram o trânsito automóvel na Avenida Engenheiro Duarte Pacheco, próximo da entrada do túnel do Marquês de Pombal Climáximo/DR
Protesto tem como objectivo quebrar a normalidade e exigir acção climática dos políticos e das empresas Climáximo/DR
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Activistas da Climáximo condicionaram o trânsito automóvel na Avenida Engenheiro Duarte Pacheco, próximo da entrada do túnel do Marquês de Pombal Climáximo/DR

Questionada pelos jornalistas sobre o facto de uma parte da população se revoltar contra este tipo de protesto, a activista Noah Zino explicou que o objectivo é precisamente quebrar a normalidade, para que a sociedade perceba a gravidade da crise climática.

2023 foi o ano com mais emissões de gases de efeito estufa de sempre. Neste momento há pessoas a morrer por causa da crise climática. Obviamente que as acções que estamos a fazer contra este sistema vão ser polarizantes durante muito tempo, afirmou Noah Zino.

“A acção é polarizante, porque estamos a perguntar às pessoas se elas querem questionar as suas crenças mais fundamentais sobre a sociedade – ou seja, a ideia de que as instituições servem para as manter em segurança, que a normalidade serve para as proteger, que os seus direitos estão garantidos. Nós sabemos hoje que estas coisas já não são verdade. É por isso que precisamos de acções urgentes para responder a esta crise. É agora ou nunca”, acrescentou a activista.

De acordo com as últimas informações dadas pela porta-voz do Climáximo, os activistas vão passar a noite na esquadra, onde dois dos onze detidos foram obrigados a despirem-se aquando da revista pela PSP. O grupo será presente a um juiz já no dia de amanhã.​

O Climáximo tem organizado diferentes acções nas últimas semanas. Uma delas foi a pintura da fachada do Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia (MAAT), em Lisboa, no dia 3 de Dezembro, em protesto contra a actividade da EDP na crise climática e o uso da sua fundação para “lavar a imagem”. Segundo um comunicado do grupo activista ambiental, duas pessoas terão sido detidas após escreverem na fachada e cobrirem de tinta vermelha a escadaria do MAAT.

O colectivo Climáximo nasceu em 2015, numa altura em que movimentos semelhantes surgiram em diversos países. O colectivo afirma adoptar uma postura “anticapitalista, aberta e horizontal”, ou seja, além de não existirem hierarquias internas, o grupo acredita que só a mudança do modelo económico vigente poderá pôr fim à emissão desenfreada de gases com efeito de estufa.