O calcanhar de Cabral manteve o Benfica na Europa

“Encarnados” seguem para a Liga Europa após triunfo por 1-3 em Salzburgo, com um golo de Arthur Cabral a decidir na compensação.

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Reuters/LISA LEUTNER
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O Benfica finalmente conseguiu ganhar um jogo na presente edição da Liga dos Campeões, e isso valeu-lhe a continuidade nas competições europeias. Os “encarnados” triunfaram por 1-3, na Áustria, sobre o Salzburgo, resultado suficiente para garantir o terceiro lugar no Grupo D e consequente acesso ao play-off da Liga Europa. O campeão nacional precisava de ganhar por dois, conseguiu essa vantagem, mas sofreu com a sua própria ineficácia e esteve a poucos minutos de sair do futebol europeu para o que resta da época. Valeu o calcanhar de Arthur Cabral, o brasileiro que está no fim da hierarquia dos avançados do Benfica.

Havia muita coisa em jogo para o Benfica em Salzburgo. Não era apenas o lugar no play-off da Liga Europa, que seria uma consolação e não uma redenção, mas era, sobretudo, fazer prova daquilo que o seu treinador tinha dito na véspera, o de acrescentar golos ao “melhor momento da época”. Numa palavra, eficácia. A eficácia que faltara no jogo anterior com o Farense. Os “encarnados” não podiam passar sem ela na cidade de Mozart ou lá se iam os jogos europeus para o resto da temporada. E a relação ferida dos adeptos com Schmidt continuaria à espera de uma cura.

Para o segundo confronto com a ex-equipa, o técnico alemão só mudou o que tinha mesmo de mudar — António Silva, castigado, deu o lugar a Tomás Araújo no eixo da defesa. De resto, tudo igual ao que se vira poucos dias antes na Luz. Havia urgência nos golos e o Benfica procurou-os de imediato, perante um Salzburgo que usa algumas das mesmas armas (pressão alta, futebol vertical), mas com muitas carências na recuperação defensiva.

Logo aos 13’, foi num desses momentos de pressão que o Benfica descobriu o caminho. Tengstedt teve boa visão de jogo para encaminhar a bola para Rafa, mas ele, que foi um réu pelos golos que falhara no jogo anterior, definiu mal frente ao guarda-redes Schlager. Era um bom sinal dos “encarnados”, mas a estas boas sensações seguiam-se momentos de apuro, como aconteceu aos 22’, quando Dorgeles Nene falhou o remate após boa jogada de Susic.

O Benfica, porém, estava a ter mais bons momentos no jogo do que os austríacos. Aos 31’, Di María teve espaço na direita e arrancou um cruzamento que tinha a cabeça de Tengstedt como alvo, mas que quase entrou directo. E aos 32’, o argentino, num canto, meteu a bola directamente na baliza — foi com esse lance, e um tremendo erro de posicionamento de Schlager, que o Benfica se afirmou como candidato à vitória.

Depois de um par de iniciativas do Salzburgo, uma delas bem perigosa por Ratkov, que Trubin segurou, os “encarnados” agarraram a qualificação com as duas mãos a fechar a primeira parte. A jogada foi outra vez de Di María, que viu bem a progressão de Rafa. Desta vez, o avançado “encarnado” não falhou, com um remate cruzado indefensável. O Benfica ia para o intervalo com a margem de que precisava.

Para a segunda parte, Schmidt trocou de avançados (entrou Musa) e o Benfica nem deu por isso. Continuou a carregar e a somar oportunidades de golo — Musa e Rafa foram os protagonistas de dois enormes falhanços — mas essa potencial goleada não se concretizou. E a equipa rapidamente se lamentou dos golos falhados porque, aos 57’, o Salzburgo marcou. Susic recebeu de Gloukh e, à entrada da área, disparou, deixando Trubin sem reacção.

Ainda teria o Benfica alguma coisa para dar? Tinha. Mais uma mão-cheia de oportunidades de golo. Otamendi ao poste (62’), Di Maria ao poste (69’), Rafa por cima (75’), Rafa contra o guarda-redes (77’), Musa ao lado (81’), João Neves por cima (84’). Já parecia tarde quando Schmidt lançou para os últimos cinco minutos Arthur Cabral, mas o brasileiro só precisou de tocar uma vez na bola. Aursnes ainda teve pernas para ganhar o flanco e fazer o cruzamento, que teve como destino o calcanhar de Cabral.

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