Grupo Vita lança manual com dez mandamentos de prevenção da violência sexual na Igreja

Entre os dez mandamentos estão a importância de quebrar tabu e criar ambientes seguros e protectores, a definição de políticas e canais de denúncia e saber escutar as vítimas, aponta Grupo Vita.

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Grupo Vita apresenta esta terça-feira um manual de prevenção da violência sexual no contexto da Igreja Católica Manuel Roberto
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O Grupo Vita apresenta esta terça-feira, 12 de Dezembro, um manual de prevenção da violência sexual no contexto da Igreja Católica assente em "dez mandamentos", adiantou a coordenadora da estrutura, que vai divulgar também o relatório dos primeiros seis meses de actividade.

Os números e o Manual de Prevenção de Violência Sexual Contra Crianças e Adultos vulneráveis no Contexto da Igreja Católica em Portugal vão ser conhecidos a partir das 15h30, numa conferência de imprensa em Lisboa, mas a psicóloga Rute Agulhas antecipa que é preciso aumentar o conhecimento neste domínio.

"Sabemos muito sobre violência sexual em geral, mas sabemos pouco sobre a violência sexual neste contexto específico da Igreja. É preciso conhecer melhor as especificidades neste contexto", disse à Lusa.

Sem querer adiantar muitos pormenores sobre o manual, a coordenadora do grupo Vita salienta que este trabalho é o resultado de uma reflexão conjunta dos grupos executivo e consultivo, da experiência profissional nesta área e de uma extensa revisão da literatura existente sobre violência sexual.

Segundo Rute Agulhas, entre os dez mandamentos estão a importância de quebrar o tabu e de criar ambientes seguros e protectores através de códigos de conduta e boas práticas, a definição de políticas e canais de denúncia e saber escutar as vítimas.

A coordenadora acrescenta que o manual — que deve ser disponibilizado hoje também online — tem como objectivo "sistematizar as boas práticas", embora não seja imposto qualquer timing ou metodologia para a sua implementação nas estruturas e nos organismos ligados à Igreja Católica em Portugal.

"Não há imposições de timing, porque há ritmos e caminhos diferentes neste contexto da prevenção da violência sexual entre as diversas instituições. A ideia é cada estrutura olhar para o manual e adaptar de acordo com o seu contexto e a sua actividade", explica.

O grupo vai fornecer ainda os dados dos primeiros seis meses de actividade desde que entrou em funcionamento em Maio. Segundo o balanço mais recente, avançado no final de Outubro, a estrutura já tinha recebido 62 pedidos de ajuda de vítimas de violência sexual na Igreja, existindo 12 pessoas com apoio psicológico e outras duas com apoio psiquiátrico.

Criado em Abril, no âmbito da Conferência Episcopal Portuguesa, assume-se como uma estrutura isenta, autónoma e independente e visa acolher, escutar, acompanhar e prevenir as situações de violência sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja Católica.

O Grupo Vita surgiu na sequência do trabalho da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, que ao longo de quase um ano validou 512 testemunhos de casos ocorridos entre 1950 e 2022, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de 4815 vítimas.