Legisladores europeus chegam a acordo sobre regras para a inteligência artificial
União Europeia mais perto de ter um quadro legal único no mundo em relação à inteligência artificial, acautelando os potenciais riscos desta tecnologia.
Os legisladores europeus chegaram a acordo nesta sexta-feira sobre a uma proposta de regulação da inteligência artificial (IA). A chamada "Lei da IA" ainda necessita de aprovação final, mas foi finalmente ultrapassado um impasse político que ameaçava o objectivo europeu de definir regras harmonizadas para esta tecnologia até 2024.
A informação foi avançada pela presidência espanhola do Conselho da UE que, numa publicação na rede social X (antigo Twitter), indica que a estrutura que junta os Estados-membros e os eurodeputados “chegaram a um acordo provisório sobre a lei relativa à inteligência artificial”, um regulamento que “visa garantir que os sistemas de IA implementados e utilizados na UE são seguros e respeitam os direitos fundamentais e os valores europeus”.
Também a Comissão Europeia, que propôs este regulamento, se congratulou no X com esta ‘luz verde’ provisória, nomeadamente o comissário europeu do Mercado Interno, Thierry Breton, que falou num momento “histórico” já que, com este aval, “a UE torna-se no primeiro continente a definir regras claras para a utilização da IA”.
Entretanto, e ainda no X, a líder do executivo comunitário, Ursula von der Leyen, salientou que esta lei “é uma novidade a nível mundial” e introduz um “quadro jurídico único”, enquanto a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, falou num “momento histórico para a Europa digital”.
Os co-legisladores (Estados-membros e Parlamento Europeu) estavam desde Junho a negociar as primeiras regras comunitárias para que as tecnologias que desenvolvem e recorrem à inteligência artificial sejam seguras e respeitem os direitos fundamentais. Esta semana, as negociações intensificaram-se em trílogos de mais de 30 horas, em Bruxelas.
A Comissão Europeia apresentou, em 2021, esta proposta para salvaguardar os valores e direitos fundamentais da UE e a segurança dos utilizadores, obrigando os sistemas considerados de alto risco a cumprir requisitos obrigatórios relacionados com a sua fiabilidade.
Esta será, então, a primeira regulação direccionada para a IA, apesar de os criadores e os responsáveis pelo desenvolvimento desta tecnologia estarem já sujeitos à legislação europeia em matéria de direitos fundamentais, de protecção dos consumidores e de regras em matéria de segurança.
Previsto está que sejam introduzidos requisitos adicionais para colmatar os riscos, como a existência de supervisão humana ou a obrigação de informação clara sobre as capacidades e as limitações da inteligência artificial.