Médicos de saúde pública contra integração no regime de dedicação plena

Médicos escreveram uma carta aberta ao ministro da Saúde por considerarem que o regime de dedicação plena não irá trazer uma melhoria e valorização do trabalho médico e do Serviço Nacional de Saúde.

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Médicos afirmam que regime de dedicação plena se traduz apenas no acréscimo das obrigações dos médicos de saúde pública sem trazer qualquer benefício Paulo Pimenta/Arquivo
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Cerca de 200 médicos de saúde pública escreveram uma carta aberta ao ministro da Saúde em que se manifestam contra a sua integração no regime de dedicação plena por considerarem que não resolve os problemas de fundo da área.

Os especialistas afirmam na carta, divulgada esta quarta-feira pela Federação Nacional dos Médicos (Fnam), que, "tendo conhecimento dos diplomas relativos à reestruturação dos serviços e dedicação plena, pretendem opor-se à integração neste novo regime de trabalho".

Para os médicos, estas propostas não respondem às necessidades de melhoria e valorização do trabalho médico e do Serviço Nacional de Saúde, em prol da saúde pública, no serviço à população.

"A dedicação plena proposta determinaria, na adesão, a suspensão automática dos actuais regimes jurídicos de trabalho e carreira. Os médicos deixariam de estar abrangidos pelo conjunto de normas dos actuais Instrumentos de Regulamentação Colectiva de Trabalho, defendem.

Para os especialistas, este regime de trabalho "traduz-se apenas no acréscimo das obrigações dos médicos de saúde pública sem trazer qualquer benefício tangível quer na organização de serviço quer na remuneração mensal".

"A proposta de redução de vencimento para alguns colegas, para mais associada à perda de direitos, torna inaceitável a adesão à dedicação plena", salientam na missiva, que esperam que possa contribuir para "a rápida revisão dos diplomas, para uma melhor reforma dos cuidados de saúde e das condições do trabalho médico, essenciais para um funcionamento pleno do SNS".

A Fnam afirma em comunicado que a pandemia de covid-19 revelou de "forma inequívoca a importância de uma saúde pública forte", capaz de responder aos desafios emergentes e garantir a protecção da população.

"No entanto, o Ministério da Saúde liderado pelo Dr. Manuel Pizarro parece ter esquecido rapidamente a relevância desta área, demonstrando uma preocupante desconsideração pelos médicos de saúde pública e pelas necessidades críticas que a pandemia colocou a descoberto", salienta.

A federação reivindica um conjunto de medidas para esta área, "a par da justa valorização da remuneração e das condições de trabalho para todos os médicos e da recusa do regime de dedicação plena", que diz obrigar os médicos de Saúde Pública a um regime de disponibilidade permanente não remunerado, com eliminação do suplemento de 800 euros.

Entre as várias medidas, a Fnam reclama contratos de trabalho em funções públicas com período normal de trabalho semanal de 35 horas num regime de isenção de horário, adaptável às necessidades do serviço e que respeite o limite semanal de horas de trabalho e descansos obrigatórios.

Reivindica também o exercício da função de autoridade de saúde, em exclusivo, por médicos de saúde pública e a "justa e digna remuneração pela responsabilidade inerente ao regime de Disponibilidade Permanente, correspondente a 40% do ordenado base".