Novo aeroporto: expropriações e proximidade a Lisboa desempatam Alcochete e Vendas Novas

Alcochete foi “a solução com mais vantagem” apresentada pela Comissão Técnica Independente para um novo aeroporto, com pouca diferença em relação a Vendas Novas. Expropriações tiveram grande peso.

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Rosário Partidário explicou os motivos do "desempate" entre Alcochete e Vendas Novas Daniel Rocha
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Alcochete e Vendas Novas foram as duas soluções mais viáveis apresentadas esta terça-feira pela Comissão Técnica Independente (CTI), responsável pelo estudo da localização do novo aeroporto, mas a primeira acabou por ser apontada como a opção com mais vantagens. Há dois factores com grande peso que “desempatam” as duas localizações: a diferença nos hectares a expropriar e na proximidade a Lisboa.

“A solução com mais vantagem” para a criação de um hub internacional de aviação na região de Lisboa foi o Aeroporto Humberto Delgado com o Campo de Tiro de Alcochete, até se abrir um aeroporto único no Campo de Tiro de Alcochete, anunciou Rosário Partidário, que liderou a CTI, na conferência de imprensa da apresentação do estudo, no LNEC - Laboratório Nacional de Engenharia Civil. Logo a seguir, a opção viável é o aeroporto na Portela com Vendas Novas, até se abrir um aeroporto único em Vendas Novas.

O desempate entre as duas opções foi referido por Rosário Partidário no final da apresentação: Alcochete ganha porque “é um espaço público” e “está mais próximo de Lisboa”. A localização em “Vendas Novas envolve expropriações”, assinalou.

No relatório, é notória a diferença da área total de expropriações no Campo de Tiro de Alcochete e Vendas Novas. Se na localização em Alcochete terão de ser expropriados 211 hectares, em Vendas Novas serão 3260 hectares.

O relatório aponta esta como uma grande vantagem e assinala a “enorme mais-valia” da disponibilidade de terrenos em solo público – neste caso, em Alcochete , o que evita os “sempre complexos, morosos e dispendiosos processos de expropriação”. Desta forma, refere-se no documento relativo ao território e às acessibilidades, evita-se “de modo particularmente eficaz a emergência de uma onda de especulação fundiária, que dificulta e atrasa todo o processo de desenvolvimento urbano que se segue à construção de um novo aeroporto”.

A inevitável Terceira Travessia do Tejo

A localização para a opção de Alcochete encontra-se no interior do Campo de Tiro de Alcochete, que é uma reserva territorial de natureza militar sem povoamento local. No relatório, destaca-se a sua “relativa proximidade a Lisboa” e “posição central” na Área Metropolitana de Lisboa, estando a menos de 30 minutos de viagem da capital portuguesa.

Contudo, para ser eficiente, terão de ser criadas novas acessibilidades. A nível rodoviário, implicará a construção de uma ligação entre a A13 e a A12, o que tornaria a localização no Campo de Tiro acessível à Ponte Vasco da Gama.

Quanto às acessibilidades ferroviárias, na análise da CTI, Alcochete foi uma das localizações com melhor avaliação do “ponto de vista potencial”, ou seja, do que ainda terá de ser construído. Para a opção de Alcochete e para que seja eficiente, impõe-se a criação de futuras linhas ferroviárias de Alta Velocidade, a Terceira Travessia do Tejo e o ramal de ligação à linha de alta velocidade Lisboa-Madrid, indica o relatório. A futura ferrovia de alta velocidade será assim desenhada como um “anel” na zona de Lisboa: cruzará o Tejo na zona do Carregado, para poder passar na cidade aeroportuária e entrar em Lisboa pela nova ponte.

Embora se encontre a cerca de 70 quilómetros do centro de Lisboa, Vendas Novas é uma opção já mais distante da capital do que Alcochete. Mesmo assim, assinala-se no documento, está “a menos de 30 minutos de sete aglomerados urbanos com mais de 50.000 habitantes”.

Vendas Novas foi também uma das opções com melhor avaliação nas acessibilidades ferroviárias, sendo servida directamente pela Linha do Alentejo, que passa na parte Norte da localização proposta. Também a futura linha de Alta Velocidade Lisboa-Madrid irá servir esta opção.

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