Preço do azeite não deverá baixar apesar do aumento da produção

Produção de azeitona em Portugal deverá crescer 20% este ano, mas tal não deverá ter impacto no preço praticado no azeite a nível internacional, prevêem os responsáveis da Casa do Azeite.

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Produção de azeitona deverá crescer este ano em Portugal Daniel Rocha
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A produção de azeitona em Portugal deverá crescer 20% este ano, mas sem impacto no preço do azeite a nível internacional, que não deverá sofrer grandes alterações, antecipa a Casa do Azeite, a entidade que representa a quase totalidade das associações de azeite de marca embalado em Portugal.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) estima, para este ano, um crescimento de 20% na produção de azeitona em Portugal. "Infelizmente Portugal não tem qualquer capacidade para impactar o preço do azeite a nível internacional. Como somos uma economia aberta, estamos obviamente alinhados com os preços que se praticam no mercado internacional. Quando falamos de azeite, Espanha é o mercado que mais influencia os preços internacionais, tendo em conta que é o maior país produtor do mundo", explicou à Lusa a secretária-geral da Casa do Azeite, Mariana Matos.

Espanha terá, pelo segundo ano consecutivo, uma produção abaixo da sua média, mas ainda assim superior à verificada no ano passado. Assim e tendo em conta que grande parte dos stocks já foram consumidos, "não parece haver condições para grandes alterações de preços, pelo menos de forma significativa", sublinhou.

O preço médio do azeite virgem no consumo era de 4,20 euros em 07 de Novembro de 2022, passando para 7,55 euros em 09 de Outubro de 2023, de acordo com os dados do Observatório de Preços. Já o preço médio do azeite virgem extra passou, no período em análise, de 5,12 euros para 8,66 euros.

Questionada sobre se os actuais preços já permitem fazer face aos custos de produção, Mariana Matos referiu que estes dependem muito do sistema utilizado. Nos olivais tradicionais, de sequeiro, os custos "são muito mais elevados", uma vez que este sistema precisa de muita mão-de-obra e apresenta uma produtividade mais baixa.

"Penso que com o nível de preços de azeite na origem que se verifica actualmente, mesmo os produtores com sistemas de produção mais tradicionais poderão fazer face aos seus custos de produção, apesar destes também terem aumentado bastante", referiu.

As vendas de azeite embalado em Portugal recuaram 1%, entre Janeiro e Outubro, segundo dados da Casa do Azeite. Por sua vez, nos primeiros nove meses do ano, as exportações apresentaram uma quebra de 28% em volume, relativamente ao mesmo período de 2022, de acordo com os dados do INE.

Com actividade desde 1976, a Casa do Azeite é uma associação patronal de direito privado, que representa a quase totalidade das associações de azeite de marca embalado em Portugal.