Ucrânia destrói duas ligações ferroviárias entre Rússia e China

Explosões neutralizaram linhas, em operação de sabotagem a milhares de quilómetros da fronteira ucraniana. Rússia abre inquéritos para apurar responsabilidades nos “actos terroristas”.

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Rússia abriu inquéritos aos ataques Reuters/LEHTIKUVA
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Sabotadores ligados a Kiev conseguiram infiltrar-se no seio de linhas inimigas e destruíram com sucesso duas ligações ferroviárias entre a Rússia e a China. A Rússia abriu já um inquérito, com o intuito de identificar os responsáveis pelo “ataque terrorista”. Do lado de Kiev, estas operações mostram uma capacidade de conduzir ataques sem a detecção das autoridades russas, uma ameaça à segurança interna do Kremlin.

As explosões que interromperam a circulação ocorreram a coberto do túnel de Baikal-Amur, ponto da linha ferroviária que atravessa a Sibéria Oriental e o Extremo Oriente russo. O Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) é o responsável pela operação de sabotagem, de acordo com um responsável ucraniano com conhecimento directo desta acção que falou ao Politico sob anonimato. “Esta é a única ligação sólida entre a Federação e a China. Actualmente, esta rota, que a Rússia usa inclusivamente para [o transporte de] materiais militares, está paralisada”, adianta o responsável.

A destruição da linha ferroviária aconteceu a cerca de seis mil quilómetros da fronteira ucraniana, indicador que mostra a escala de encobrimento necessário para conseguir este feito sem alertar as autoridades russas. Quatro cargas explosivas foram detonadas enquanto um comboio de mercadorias atravessava o túnel. De acordo com o responsável ucraniano sob anonimato, os serviços secretos russos tentam minimizar as consequências da operação especial do SBU. Quatro vagões foram consumidos pelas chamas em sequência do ataque, com dois outros a sofrerem danos durante o incêndio que se seguiu às explosões.

O SBU fez ainda um segundo ataque à ligação ferroviária entre a Rússia e a China, escolhendo o túnel de Severomuysky como o ponto de intercepção do segundo comboio de carga. Desta feita, a carga transportada nos vagões era combustível para aviões, material que foi espalhado numa área de 150 metros quadrados durante o ataque.

À agência Reuters, fontes russas confirmaram um incêndio no comboio, mas não detalharam a existência de explosivos na causa do incidente. O Comité de Investigação russo detalha à agência que o comboio afectado transportava combustível, mas que não se registaram mortes e que um inquérito foi aberto para tentar apurar as causas do incidente.

Para contornar estas contrariedades, a Rússia começou a usar um desvio, com recurso a um viaduto com 35 metros de altura. O Politico diz que, entretanto, esse ponto já foi também alvo de um ataque pelo SBU. “Quando o comboio estava a passar nesta ponte com 35 metros, os explosivos detonaram.”

Mesmo após estes ataques, a Rússia alega que a rota continua em funcionamento e a ser usada por comboios de carga na tarde desta sexta-feira.

Rússia diz que Kiev perdeu 125 mil soldados em meio ano

O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, afirmou esta sexta-feira que as forças armadas ucranianas perderam mais de 125 mil militares nos últimos seis meses durante a sua contra-ofensiva militar, que não obteve ganhos estratégicos relevantes.

"A mobilização total na Ucrânia, o fornecimento de armas ocidentais e a introdução de reservas estratégicas na batalha pelo comando ucraniano não alteraram a situação no campo de batalha", disse Shoigu, que sublinhou que estas "acções desesperadas" apenas aumentaram as baixas do lado ucraniano.

Shoigu elogiou ainda as capacidades das tropas russas, que estão a agir "de forma competente e decisiva" para infligir danos ao lado ucraniano, que perdeu 16.000 armas, segundo a agência de notícias russa TASS.

"Continuaremos a conduzir uma defesa activa e a aumentar o potencial de combate das forças armadas", acrescentou Shoigu, adiantando que a Rússia está a construir um total de sete campos de treino em território ucraniano ocupado, dois dos quais já estão prontos para serem utilizados. O responsável russo da Defesa disse que está prevista mais formação do pessoal militar para 2024, de modo a completar as tarefas da "operação militar especial", nome atribuído pelo Kremlin à invasão da Ucrânia.

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