Pedro Nuno Santos dá prioridade às empresas e defende regionalização

Daniel Adrião, também candidato à liderança do PS, defende a reforma da lei eleitoral para introduzir o voto nominal e promete deixar a liderança do PS se for primeiro-ministro.

Foto
Pedro Nuno Santos, Daniel Adrião e José Luís Carneiros são candidatos à liderança do PS LUSA/RUI MINDERICO
Ouça este artigo
00:00
05:24

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

O candidato a secretário-geral do PS Pedro Nuno Santos afirmou esta quinta-feira que a sua moção dá prioridade às empresas, para que Portugal tenha uma economia mais forte e diversificada, e defende a regionalização, comprometendo-se com um novo referendo.

Pedro Nuno Santos, que chegou ao Largo do Rato acompanhado por Luísa Salgueiro, autarca de Matosinhos e presidente da Associação Nacional de Municípios, e por Alexandra Leitão, deputada, ex-ministra e coordenadora da sua moção, defendeu que a sua candidatura mostra a "pluralidade" de opiniões dentro do PS e congratulou-se com a mobilização do partido para a campanha interna.

Questionado pelos jornalistas, afirmou que a maior parte das prioridades da sua moção assentam no "grande objectivo de desenvolver a economia", com uma "estratégia de políticas públicas que passa pelo investimento na ciência e investigação e na transferência desse conhecimento para as empresas". A que se somam apoios à produção, para as empresas aumentarem a incorporação nacional nas exportações e reduzirem as importações. "Queremos que as empresas possam produzir mais e melhor. Temos necessidade de uma economia mais forte, diversificada, sofisticada e que permita pagar melhores salários."

O ex-ministro das Infra-estruturas e da Habitação defendeu também a reforma do Estado social de modo a que "consiga responder às aspirações na saúde, habitação, e também na mobilidade sustentável", mas também para ter uma administração pública "mais qualificada e que preste melhor serviço às populações e à economia". Outro ponto em comum com o seu adversário José Luís Carneiro é a defesa do referendo à regionalização.

O deputado e ex-ministro admitiu que "há muita coisa" deste Governo em áreas onde teve "resultados importantes" que pretende "continuar" mas com um "novo impulso". No entanto, admite também haver "problemas que ainda carecem de resposta", como o acesso a alguns serviços públicos, a habitação, os salários e pensões. No caso de salários, não se comprometeu com metas, apesar de José Luís Carneiro ter na sua moção que tenciona convergir com o salário mínimo espanhol, e defendeu que o esforço feito nestes oito anos é para manter, mas essa matéria deve ser alvo de negociação com sindicatos e confederações patronais.

Depois de entregar a moção ao presidente Carlos César, Pedro Nuno Santos ainda comentou as sondagens sobre a corrida interna e sobre que candidato socialista conseguiria derrotar Luís Montenegro. "Não tenho que fingir que o José Luís Carneiro não é o meu principal adversário, porque não é, de facto. O meu principal adversário é o PSD mesmo na corrida interna e o meu foco são os partidos de direita", afirmou, citado pela Lusa.

"Se há candidatura que não fecha nenhuma porta nem ao centro nem à esquerda é a nossa. O que nós dizemos sobre alinhamentos futuros é dito com clareza. Entendemos que é mau qualquer tipo de bloco central, seja em forma de Governo, seja ao nível de incidência parlamentar, porque isso é mau para a democracia", acrescentou, insistindo que "há diferenças significativas em matérias económicas e sociais" entre PS e PSD, pelo que só admite trabalhar com os sociais-democratas em algumas matérias de acordos de regime onde haja "amplo consenso".

"O debate político não se deve reduzir a uma falsa dicotomia entre radicalismo e moderação, mas sim entre quem tem efectiva capacidade para mobilizar o povo português, tendo em vista resolver os problemas do país", apontou ainda. "Nos últimos dias, o PSD tem-nos apresentado, não só no congresso, como na Assembleia da República, é uma linguagem radicalizada, extremada, hiperbólica e panfletária."

Daniel Adrião defende reforma da lei eleitoral

O terceiro candidato à liderança do PS, Daniel Adrião, colocou por seu lado o foco na sua proposta de reforma da lei eleitoral e de uma "agenda estratégica de médio e longo prazo" que numa geração leve Portugal para o grupo dos países mais desenvolvidos da UE. Adrião, que reclamou de alguma diminuição no tratamento da sua candidatura, disse querer "devolver o PS aos militantes e à base social de apoio", assim como "elevar Portugal".

Mas também considerou que Pedro Nuno e Carneiro não são os socialistas ideais para o fazer porque o partido precisa de se "regenerar" e ambos estão muito ligados à era de António Costa. O novo ciclo que se abre agora precisa de "novos protagonistas", como o próprio Adrião se auto-intitula.

A sua ideia para a reforma eleitoral pressupõe a adopção do voto preferencial e nominal em vez das actuais listas fechadas e elaboradas pelos partidos no caso das legislativas. Daniel Adrião também insistiu na necessidade de, se o secretário-geral do PS for eleito e se tornar primeiro-ministro, deixar o cargo no partido. É o que fará, promete, por defender a separação entre o aparelho partidário e o do Estado.

Daniel Adrião declarou-se defensor de "uma separação entre o aparelho do Estado e o aparelho do partido", alargada a "todos os membros do Governo, que não devem acumular funções de direcção executiva do partido".

As eleições directas no PS estão marcadas para os dias 15 e 16 de Janeiro. Daniel Adrião, José Luís Carneiro e Pedro Nuno Santos são os três candidatos à liderança do partido.