Euribor a 12 meses cai abaixo de 4% e isso é bom para quem tem crédito

Taxas associadas à maioria dos empréstimos à habitação têm vindo a perder fôlego, especialmente no prazo mais longo, a antecipar uma descida das taxas do BCE antes do previsto.

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Depois de vários meses sempre a subir, taxas Euribor começam a dar sinais positivos Rui Gaudencio
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As taxas Euribor têm registado ligeiras variações, abaixo dos máximos atingidos ao longo do ano, e o prazo de 12 meses, o que mais tem caído nas últimas semanas, ficou nesta quarta-feira abaixo dos 4%, o que não acontecia desde 15 de Junho. É uma boa notícia para quem tem crédito à habitação associado a taxas variáveis, embora seja necessário esperar mais algum tempo para se confirmar que se trata mesmo de um movimento de descida, que mesmo nesse caso poderá ser lento.

A Euribor a 12 meses, que ao longo do mês foi caindo para um valor inferior ao do prazo a seis meses, baixou para 3,983%, menos 0,032 pontos do que na terça-feira. A queda é mais expressiva se comparada com os 4,228% atingidos a 29 de Setembro, que por sua vez representou um máximo desde Novembro de 2008.

Fruto da conjuntura económica, e descida progressiva da inflação na zona euro, o mercado está de certa forma a antecipar que o Banco Central Europeu (BCE) não faça nova subida das suas taxas directoras e que acelere mesmo, ainda em 2024, um corte no actual preço do dinheiro.

Num cenário de eventual descida de taxas do BCE, é o prazo a 12 meses o que reflecte o custo do dinheiro para esse horizonte, que primeiro inicia o movimento de ajustamento.

A Euribor a seis meses, num movimento também significativo, voltou a ficar acima da taxa a 12 meses, mas também tem vindo a perder valor. Na sessão desta quarta-feira, este prazo subiu ligeiramente, para 4,050%, mais 0,024 pontos que na sessão anterior, mas encontra-se abaixo de 4,143%, registado em 18 de Outubro, valor que corresponde a um máximo desde Novembro de 2008.

A Euribor a três meses também subiu, ao ser fixada em 3,975%, mais 0,020 pontos que na sessão anterior, depois de ter subido em 19 de Outubro para 4,002%, também um máximo desde Novembro de 2008.

De acordo com dados do Banco de Portugal referentes a Setembro de 2023, a Euribor a 12 meses representava 38,1% do stock de empréstimos para habitação própria permanente com taxa variável. As taxas a seis e a três meses representavam 35,7% e 23,4%, respectivamente.

As taxas Euribor começaram a subir no início de 2022, tendo acelerado após deflagrar a guerra na Ucrânia, que agravou a subida da inflação na Europa, o que “obrigou” o BCE a iniciar a subida das taxas directoras.

Na última reunião de política monetária, o BCE optou por fazer uma pausa na subida das suas taxas, mas não excluiu a necessidade de novas subidas, num contexto de maior incerteza, gerado pelo conflito no Médio Oriente, que pode ter reflexos no preço do petróleo e agravar os actuais níveis da inflação.

Na conferência de imprensa que se seguiu à última reunião do BCE, Christine Lagarde foi prudente quando questionada sobre o que se poderia esperar do BCE nas próximas reuniões, nomeadamente quando lhe pediram para confirmar que o pico de taxas de juro na zona euro tinha sido efectivamente atingido. “O facto de termos mantido [as taxas de juro] não quer dizer que não voltemos nunca mais a subir. (…) Não vou dizer se estamos no pico. Continuamos dependentes dos dados”, afirmou a presidente do BCE. Com Lusa

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