Milei, o suposto anarco-liberal

Há riscos na estratégia económica de Milei? Sim, há. Mas o simples facto de estarmos a discutir algumas das suas propostas já não é mau. É sinal de que há vida para além do Estado e do socialismo.

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A eleição de Javier Milei como novo Presidente da Argentina causou ondas de choque no país e fora dele. Trata-se, afinal, de um actor político recente, que construiu a sua “persona” pública mais nos media do que na política, e cuja imagem de marca consiste numa irreverência aparentemente incontrolável. O estilo é divisivo e truculento, e mesmo para um país como a Argentina, onde a política é invadida de paixões que habitualmente associamos ao futebol, o registo mediático do novo Presidente argentino desce abaixo do mínimo de urbanidade que esperaríamos de um alto titular de cargo público. No entanto, este mesmo actor político acaba de ser eleito com os votos de mais de 14 milhões de concidadãos seus. O que justifica então tamanha popularidade de uma figura tão excêntrica e tão mal-educada? A razão é simples: o estado calamitoso da economia argentina, que se encontra num declínio estrutural e que é hoje afectada por uma inflação de quase 150% ao ano. Em suma, é a economia.

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