Vira-se uma nova página na vida da Ulmeiro: livraria reabre em Benfica em 2024
Com o apoio da Junta de Freguesia de Benfica, a livraria Ulmeiro voltará a ter um espaço físico “no coração do bairro que a viu nascer”. Terá uma galeria de arte e actividades culturais.
Em 2024, vira-se uma nova página na vida do Espaço Ulmeiro: a histórica livraria vai reabrir em Benfica. A Ulmeiro ficará num outro local, mas na mesma avenida em que abriu portas há mais de 50 anos. O espaço abre com o apoio da Junta de Freguesia de Benfica e contará com uma galeria de arte e actividades culturais.
Fundada por José Ribeiro, a Ulmeiro abriu em 1969 como livraria distribuidora. Após 50 anos, e repetidos anúncios de que iria fechar, deixa a sua casa em Benfica, em 2019. Acaba por ficar num espaço na Fábrica do Braço de Prata. A ligação a Benfica nunca é perdida e continuam a decorrer actividades associadas à Ulmeiro nesta freguesia de Lisboa. Em 2024, reabrirá um novo espaço físico da livraria em Benfica.
O espaço ficará na mesma avenida – a Avenida do Uruguai –, mas “três portas acima”, informa Ricardo Marques (PS), presidente da Junta de Freguesia de Benfica. “Para nós, era muito importante não desvirtuar o local físico onde a Ulmeiro sempre trabalhou”, refere sobre a reabertura noticiada no início do mês de Novembro pelo site da revista Time Out.
Ricardo Marques conta que a ideia de reabrir o espaço em Benfica partiu da “relação profunda” que a Ulmeiro tem com a freguesia. “O Espaço Ulmeiro fechou em Benfica em 2019, mas o Espaço Ulmeiro Associação Cultural tem mantido a ligação umbilical à freguesia através de actividades que vão acontecendo no Palácio Baldaya e da edição de vários livros”, assinala.
A junta de freguesia investirá cerca de 70.000 euros por ano neste espaço, indica Ricardo Marques. Esse investimento inclui a renda (1200 euros por mês), actividades, pagamentos a funcionários, custos energéticos ou apoio a edições. As obras iniciais rondarão os 10.000 euros.
Quanto ao espaço em si, o presidente da junta de freguesia diz que será uma livraria com actividades lúdicas e de leitura. “Não será só encarada como um espaço de livraria-alfarrabista [como é conhecida]”, frisa. “A ideia é que seja um espaço de partilha, de debate e de criação.” Também pretende que a Ulmeiro continue a fazer actividades no Palácio Baldaya ou interaja com outros espaços culturais de Benfica.
“Quarteirão de cultura na zona Norte da cidade”
“Vai ser na mesma o Espaço Ulmeiro. Continuámos sempre [a trabalhar], não chegámos bem a fechar”, diz José Ribeiro, referindo-se ao espaço na Fábrica do Braço de Prata. Também ressalva que a livraria reabrirá em Benfica “num espaço mais pequeno, numa loja do mesmo lado da rua”.
O livreiro indica que o espaço terá uma galeria de arte e actividades culturais, como sessões de leitura e de poesia. Na reabertura, deverá ter uma exposição sobre os 50 anos da Ulmeiro, que incluirá material de uma antiga exposição e, provavelmente, uma série de fotografias novas.
Relativamente à data de reabertura, José Ribeiro gostaria que coincidisse com o Dia Mundial da Poesia, a 21 de Março de 2024. Ricardo Marques diz que, de facto, “o mais realista” é que reabra em Março do próximo ano.
“A Ulmeiro era uma ferida que tínhamos [em Benfica]. Um espaço físico permanente fazia-nos falta e agora reabre no coração do bairro que a viu nascer”, afirma Ricardo Marques. Para o presidente da junta de freguesia, esta reabertura está em sintonia com “o quarteirão de cultura na zona Norte da cidade” que se tem vindo a formar e que inclui o Auditório Carlos Paredes, o Palácio Baldaya ou o Cine-Teatro Turim. “A ideia é valorizar a cultura e criar um efeito de farol de um espaço criativo, multimodal e versátil, que possa atrair novos públicos de outras freguesias. Esta livraria é fundamental nisso.”
E o que representa este regresso para o fundador da Ulmeiro? “Bem, para mim, será mais trabalho”, responde ao PÚBLICO, a rir. “É interessante, porque, de qualquer forma, era um vazio que tinha ficado na avenida. Portanto, vamos voltar”, diz, o livreiro, de 81 anos. José Ribeiro confessa que não gostaria de regressar exactamente ao mesmo local, porque esse era já “um capítulo que ficou encerrado”. “Recomeçamos num espaço mais pequeno e queremos continuar a contribuir para alguma actividade no bairro. A Ulmeiro é um espaço que fazia falta”, considera. Agora vira-se a página para um novo capítulo.