Israel e Hamas muito perto de acordo para a libertação de reféns

Combates vão ser suspensos durante quatro ou cinco dias, durante os quais pelo menos 50 reféns israelitas serão libertados. Extrema-direita opõe-se ao acordo.

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Manifestação a favor de acordo para a libertação de reféns em Telavive EPA/ABIR SULTAN
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Está iminente um acordo que vai permitir a libertação de reféns israelitas capturados pelo Hamas e uma pausa temporária na ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza – a primeira desde que estalou a guerra entre Israel e o Hamas há mais de um mês, depois do ataque do Hamas no dia 7 de Outubro.

Tanto responsáveis do movimento islamista como do Governo israelita iniciaram o dia a dar sinais de que o acordo, mediado pelo Qatar, estava muito próximo de ser concluído, embora ainda faltassem alguns pormenores.

“Espero que haja boas notícias em breve”, disse o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que passou a tarde desta terça-feira em reuniões ministeriais para discutir os termos do acordo. Uma fonte israelita disse à Reuters que as negociações que podem viabilizar a primeira paragem nas hostilidades e a primeira libertação de um número considerável de reféns estavam nas “etapas finais” e encontravam-se “mais perto [de uma conclusão] do que alguma vez estiveram”.

No mesmo sentido, o líder da ala política do Hamas, Ismail Haniyeh, disse que os dois lados estão “perto de fechar um acordo para uma trégua”. E o Presidente dos EUA, Joe Biden, também alimentou as esperanças de que o entendimento seja sólido. “Nada está feito até estar feito, e, quando tivermos mais a dizer, iremos fazê-lo, mas as coisas estão com bom aspecto neste momento”, afirmou.

Apesar dos sinais encorajadores, há algumas ameaças ao entendimento. Ainda antes do anúncio oficial do acordo, os partidos da extrema-direita que apoiam o Governo de Netanyahu afirmaram a sua oposição aos pormenores sobre a cessação das hostilidades.

O Sionismo Religioso, liderado pelo ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, disse que a proposta é “má e não deve ser aceite”. O partido extremista defende a continuidade da ofensiva israelita até à destruição total do Hamas e a libertação de todos os reféns. O partido Poder Judaico, do ministro da Segurança Interna, Itamar Ben-Gvir, também condenou o acordo, dizendo que irá “resultar numa redução significativa das hipóteses de fazer regressar os restantes reféns capturados pelo Hamas”.

A oposição dos partidos radicais que apoiam o executivo israelita deverá acentuar ainda mais a tensão com os familiares dos reféns, que têm criticado a reduzida prioridade dada pelas autoridades israelitas à sua libertação. Esta segunda-feira, durante um debate parlamentar, vários deputados dos partidos de extrema-direita gritaram com familiares de reféns que se opunham à discussão de uma lei para aplicação da pena de morte a condenados por terrorismo.

Pausa nos combates

Uma fonte governamental israelita disse que o acordo deverá incluir a libertação de cerca de 50 reféns, sobretudo mulheres e crianças, entre os mais de 200 sequestrados pelo Hamas durante o ataque de Outubro. Os reféns serão libertados em pequenos grupos de 12 ou 13 pessoas ao longo de vários dias, segundo o mesmo responsável citado pelo Haaretz. Um dirigente israelita disse à BBC que há a possibilidade de serem libertados alguns cidadãos tailandeses, num acordo paralelo concluído entre o Hamas e o Governo tailandês.

Israel compromete-se a libertar cerca de 300 palestinianos presos nas prisões israelitas, provavelmente também mulheres e crianças, detidos durante inúmeras operações nos últimos anos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.

O acordo prevê igualmente uma pausa de quatro ou cinco dias nos combates na Faixa de Gaza, durante a qual poderá ser enviada ajuda humanitária, incluindo combustível, para a população civil. Em cima da mesa está a possibilidade de haver uma limitação às acções da Força Aérea israelita sobre o território palestiniano. À entrada para a reunião ministerial, Netanyahu garantiu que a guerra contra o Hamas irá continuar "até que todos os objectivos sejam atingidos".

Apesar da oposição dos partidos extremistas, o acordo conta com o apoio dos líderes do aparelho de segurança e militar de Israel, que considera que a ofensiva das Forças de Defesa de Israel (IDF) em Gaza está a progredir conforme o planeado e que a suspensão temporária dos combates não põe em causa os objectivos de eliminação das estruturas do Hamas e dos outros grupos armados.

Por outro lado, o Governo está cada vez sob maior pressão por parte da sociedade israelita para se empenhar mais no resgate de reféns – até ao momento, apenas quatro pessoas foram libertadas.

Para o Hamas, a possibilidade de uma pausa nos combates poderá ser uma oportunidade para se reagrupar, mas a grande vitória política será a possibilidade de lograr a libertação de um grande número de palestinianos das “cadeias da ocupação”, como são designadas as prisões israelitas pelo movimento palestiniano.

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