Hamas anuncia “trégua iminente” na Faixa de Gaza, sem confirmação de Israel
Liderança do movimento islamista diz que o acordo será anunciado até ao fim do dia e que incluirá uma troca de reféns por prisioneiros.
Um dos fundadores e principais líderes do Hamas, Izzat al-Rishq, anunciou nesta terça-feira que está prestes a ser anunciada uma trégua na Faixa de Gaza, que permitirá a entrada de camiões com ajuda humanitária em todas as áreas do território palestiniano, a transferência de feridos para outros países da região e uma troca de prisioneiros palestinianos por reféns israelitas.
A notícia sobre o possível acordo — que ainda não teve uma confirmação por parte do Governo de Israel — foi avançada pela liderança do Hamas à Al-Jazeera. Segundo o canal, o movimento islamista palestiniano exige que a Força Aérea israelita cesse operações durante a vigência da trégua, incluindo operações de vigilância — o que, segundo o Governo de Israel, poderia deixar desprotegidas as suas tropas no terreno.
Segundo a agência de notícias AFP, fontes do Hamas e da Jihad Islâmica dizem que as negociações incluem a libertação de entre 50 e 100 pessoas que foram feitas reféns na sequência do ataque do Hamas a 7 de Outubro em território israelita.
"O acordo irá incluir a libertação de mulheres e crianças israelitas, em troca da libertação de crianças e mulheres palestinianas detidas em prisões do ocupante", cita a AFP.
As fontes do Hamas e da Jihad Islâmica dizem à mesma agência de notícias que 300 palestinianos serão libertados como parte do acordo.
"Penso que os últimos pontos que estão a ser negociados são a duração da trégua, o volume da ajuda humanitária que entrará em Gaza — especialmente combustível — e o número de reféns que serão libertados", disse à Al-Jazeera Abdelhamid Siyam, professor de Ciência Política na Universidade Rutgers, nos Estados Unidos.
Segundo Siyam, o acordo final poderá ser anunciado "nas próximas 12 horas" a partir de Doha, no Qatar, e deverá incluir uma trégua de entre três e cinco dias.
As autoridades israelitas dizem que pelo menos 237 pessoas foram capturadas durante o ataque do Hamas a 7 de Outubro, incluindo 33 crianças e cidadãos de mais de 40 países, e pelo menos 20 trabalhadores agrícolas tailandeses.
Até agora, o Hamas libertou quatro reféns — duas cidadãs israelitas e duas norte-americanas — e o Governo de Israel diz que libertou um quinto refém durante uma operação militar e que encontrou os corpos de duas outras reféns nas imediações do Hospital Al-Shifa.
Segundo os números avançados pela Al-Jazeera, antes de 7 de Outubro havia 5200 palestinianos detidos em prisões em Israel, incluindo 200 crianças, e outros 2960 foram detidos desde então na Cisjordânia e em Jerusalém Ocidental, incluindo 95 mulheres e 37 jornalistas.