No Dia da Memória Trans, Lisboa lembra os nomes de 321 vítimas de transfobia
Esta segunda-feira acontecerão vigílias em Lisboa, mas também no Porto e nas Caldas da Rainha. No último ano foram assassinadas 321 pessoas em todo o mundo, vítimas de transfobia.
No Dia Internacional da Memória Trans, assinalado esta segunda-feira, dia 20 de Novembro, há uma vigília em Lisboa para "fazer o luto em memória de todas as vidas trans perdidas às mãos da transfobia" — 321 em todo o mundo durante o último ano.
A concentração está marcada para as 18h30 no Jardim da Cerca da Graça, em Lisboa, e é uma forma de “alertar para o perigo de vida e condições precárias” que as pessoas da comunidade LGBTQI+ enfrentam, explica A Teia, uma das plataformas organizadoras. Durante a vigília, depois de serem recordados os nomes de cada uma das 321 vítimas, cumprir-se-á um minuto de silêncio.
Segundo o mais recente relatório da organização Transgender Europe (TGEU), referente a dados entre Outubro de 2022 e Setembro de 2023, foram mortas 321 pessoas trans em todo o mundo, sendo a maioria mulheres trans negras.
De modo global, sabe-se que quase metade das vítimas (48%) eram trabalhadoras do sexo, percentagem que sobe para os 78% se olharmos apenas para os homicídios na Europa, onde morreram 16 pessoas. Praticamente todas eram mulheres (94%), sendo que 80% foram também vítimas de racismo ou xenofobia.
Os lugares onde mais homicídios foram registados são a via pública e a residência da própria vítima. Os autores dos crimes recorreram principalmente a armas de fogo e a armas brancas.
No ano anterior, entre Outubro de 2021 e Setembro de 2022, a transfobia vitimou, segundo os registos disponíveis, 327 pessoas.
O Brasil mantém-se, pelo 15.º ano consecutivo, como o país que mais mata pessoas trans, registando uma centena de homicídios no último ano. O México surge no segundo pior lugar, com meia centena de mortes.
"É importante notar que ao número de pessoas trans assassinadas acrescem todas as pessoas trans que continuam a morrer em consequência indirecta da violência estrutural", acrescenta A Teia, referindo as mortes por suicídio, negligência médica e as que "não são contabilizadas devido à invisibilidade e exclusão de dados relativos a pessoas trans".
A par da plataforma A Teia, a vigília, já realizada nos últimos anos, é organizado em colaboração com as organizações API - Acção Pela Identidade, Sintra Friendly, Opus Diversidades, Clube Safo, Panteras Rosa, Anémona e a plataforma TransParente.
Em declarações ao P3, Joana Isabel Gomes, do Clube Safo, esclarece que estão ainda planeados eventos semelhantes esta segunda-feira no Porto (Jardim do Campo 24 de Agosto, às 21h) e nas Caldas da Rainha (Escola do Parque, às 19h).