Provas de Israel “não chegam” para justificar ataque ao Hospital Al-Shifa

Forças israelitas declaram zona ocidental de Gaza desobstruída e passam a fase seguinte.

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Situação humanitária em Al-Shifa é cada vez mais complicada Reuters/STRINGER
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A organização humanitária Human Right Watch (HRW) disse, nesta quinta-feira, que as provas apresentadas pelas Forças de Defesa de Israel (IDF) para justificar o cerco ao maior hospital de Gaza, o Hospital Al-Shifa, não são suficientes para revogar a protecção daquela unidade médica à luz do direito internacional.

“Os hospitais têm protecções especiais ao abrigo do direito humanitário internacional. Médicos, enfermeiros, ambulâncias e outros funcionários do hospital devem ter permissão para fazer seu trabalho e os pacientes devem ser protegidos”, disse à Reuters o director da HRW na ONU, Louis Charbonneau. Os hospitais só perdem essa protecção se for demonstrado que foram praticados actos nocivos a partir das suas instalações. O Governo israelita não apresentou qualquer prova disso, acrescentou a mesma fonte.

As IDF entraram no hospital na madrugada de quarta-feira, alegando que o Hamas operaria no interior do complexo, considerando até que este local seria um das partes importantes da rede de túneis que o grupo islamista desenhou na Faixa de Gaza e de onde terá organizado o ataque de 7 de Outubro. No momento da incursão, estariam no local 1200 pessoas, entre pessoal médico, doentes e deslocados que ali procuravam refúgios. Aos jornalistas foram apresentadas imagens de armas e outros artefactos que terão sido usados pelos Hamas.

Problemas no resgate

Na quinta-feira, a Organização Mundial de Saúde (OMS) disse que no hospital ainda permanecem 600 pacientes. Estamos a analisar a possibilidade de uma retirada médica completa, mas existem muitas preocupações em matéria de segurança e muitos constrangimentos logísticos. As nossas opções são bastante limitadas, mas esperamos ter melhores notícias nas próximas 24 horas, disse Rick Brennan, da OMS.

Um dos constrangimentos no local está relacionado com a falta de ambulâncias do Crescente Vermelho Palestiniano, que limita as possibilidades de retirada dos feridos daquele hospital. Além disso, os constantes cortes de energia e de telecomunicações, motivados pela falta de combustível, têm dificultado as comunicações das diversas partes envolvidas no esforço humanitário. Levaríamos a maior parte dos pacientes para os hospitais do Sul de Gaza, mas esses hospitais também já estão sobrecarregados, o que é outro factor de complexidade. A outra opção é, obviamente, levar alguns deles para o Egipto, disse o mesmo responsável.

Além da situação grave no Hospital Al-Shifa, o Hospital Indonésio interrompeu, na quinta-feira, as cirurgias, deixando 45 feridos na recepção sem qualquer apoio médico. O Hospital Indonésio deixou de funcionar, disse à televisão Al-Jazeera Atef al-Kahlout, director da instituição. Um outro hospital na região, o Al-Ahli, estará também cercado por soldados israelitas. A denúncia parte do Crescente Vermelho Palestiniano, que, na quinta-feira, disse que um ataque violento estava em desenvolvimento. As equipas da Sociedade Palestiniana do Crescente Vermelho não conseguem mover-se e chegar aos feridos, relatou a organização no X.

Israel diz ter encontrado corpo de refém

Por seu lado, as autoridades israelitas têm-se esforçado para encontrar provas que justifiquem a operação militar contra o Hospital Al-Shifa, objecto de críticas pela comunidade internacional. O Exército disse ter encontrado o corpo de um dos cerca de 240 reféns levados pelo Hamas. O corpo de Yehudit Weiss terá sido encontrado num edifício adjacente ao hospital, e a identidade da vítima foi comprovada por uma equipa forense, tendo a família sido informada.

Foram encontradas armas no edifício onde o corpo estava, e as IDF dizem ao jornal Haaretz que os raptores fugiram momentos antes da chegada dos soldados. O Exército adiantou ainda ter encontrado várias imagens relacionadas com os reféns em equipamentos electrónicos que pertencem ao Hamas.

O Exército de Israel adianta que os soldados das forças especiais estão a revistar o complexo hospitalar um edifício de cada vez, piso a piso. A operação é moldada pelo nosso entendimento de que há uma infra-estrutura terrorista bem escondida no complexo, de acordo com um comunicado a que o jornal Washington Post teve acesso.

Também nesta quinta-feira o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse que as IDF estão agora prontas para avançar para a próxima fase” da operação terrestre na Faixa de Gaza. “A operação continua e está a ser realizada de forma precisa, selectiva e muito determinada”, afirmou o titular da Defesa durante uma visita às tropas da 36.ª divisão de Infantaria. O ministro confirmou que o Exército assumiu o controlo de “toda a parte ocidental de Gaza”, dizendo que está livre da presença de operacionais do Hamas.

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