Cinco doentes de Caminha internados com legionella, um em cuidados intensivos

As sete pessoas identificadas têm entre 52 e 92 anos. Uma mulher de 60 anos encontra-se internada nos cuidados intensivos e um homem de 86 anos está a ser acompanhado no domicílio.

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Quanto aos sintomas da infecção, o delegado de saúde explicou que "é como se fosse uma gripe, com febre, dores de cabeça, tosse ou falta de ar" Reuters

O número de pessoas do concelho de Caminha infectadas com legionella subiu para sete, disse esta terça-feira à agência Lusa fonte da Saúde Pública. Anteriormente, o delegado de saúde do Alto Minho tinha dito que existam seis pessoas infectadas.

Segundo aquela fonte da Unidade de Saúde Pública do Alto Minho, o sétimo doente é um homem de 97 anos. A mesma fonte especificou que cinco doentes estão internados no Hospital de Santa Luzia, em Viana do Castelo, e um sexto, um homem de 86 anos, acamado, está a ser acompanhado no domicílio. Segundo a fonte, este idoso de 86 anos foi diagnosticado no Hospital de São João, no Porto.

Das cinco pessoas hospitalizadas, uma mulher de 60 anos está internada nos cuidados intensivos, sendo que as autoridades continuam a investigar a origem da infecção.

Em declarações aos jornalistas, o delegado de saúde do Alto Minho, Luís Delgado, disse que a maior parte dos doentes "reside a 500/600 metros" de uma área de Vila Praia de Âncora que está a ser investigada, a par de outras zonas "suspeitas". "Pode ser uma zona onde exista eventualmente um ar condicionado, um fontanário ou equipamentos de irrigação que possam gerar aerossóis", explicou.

O delegado de saúde notou que existe "uma equipa grande, de saúde ambiental e saúde pública, no terreno a identificar as situações". "A primeira fase é de suspeita. Depois temos de confirmar se a suspeita se confirma", observou Luís Delgado.

O responsável acrescentou não poder confirmar se os equipamentos municipais foram já descartados como estando na origem da contaminação. "Há várias suspeitas em Vila Praia de Âncora", freguesia do concelho de Caminha, no distrito de Viana do Castelo, disse.

"Isto tem a ver com os aerossóis, o ar que contaminou essa doente", referiu Luís Delgado, acrescentando que "a maior parte dos doentes reside em Vila Praia de Âncora e um em Vilarelho", e todos "sem relação familiar".

Quanto aos sintomas da infecção, o delegado de saúde explicou que "é como se fosse uma gripe, com febre, dores de cabeça, tosse ou falta de ar". "A diferença é que, neste caso, a infecção não é provocada por um vírus, mas por uma bactéria", acrescentou.

As pessoas identificadas neste foco de legionella têm entre 52 e 92 anos, indicou à Lusa o presidente da Câmara de Caminha, Rui Lages, que indicou ainda que está em curso uma "investigação ambiental" das autoridades de saúde para identificar a origem da infecção.

O primeiro caso foi notificado às autoridades de saúde na sexta-feira, 10 de Novembro, e o sétimo identificado esta terça-feira, de acordo com a informação disponibilizada pelo delegado de saúde.

A doença do legionário, provocada pela bactéria Legionella pneumophila, contrai-se por inalação de gotículas de vapor de água contaminada (aerossóis) de dimensões tão pequenas que transportam a bactéria para os pulmões, depositando-a nos alvéolos pulmonares.

Oposição pede fecho de equipamentos públicos

A coligação O Concelho em Primeiro (PSD/CDS-PP/Aliança/PPM), de Caminha, recomendou esta terça-feira o encerramento de equipamentos públicos, como as piscinas municipais, para travar a propagação da infecção por legionella, após a identificação dos sete casos da doença.

Em comunicado, a coligação considera que o encerramento dos equipamentos públicos é uma "atitude responsável", a par da realização de "análises urgentes". "Em situações de surto/foco são precisas respostas rápidas para uma actuação que, por si, também tem que ser célere, face à gravidade da situação, de forma a eliminar focos de infecção", refere a coligação.

Para a coligação, a "gravidade da situação" implica, "por precaução", a tomada de "medidas de forma a eliminar focos de propagação". "Deveriam ser encerradas imediatamente as piscinas municipais e serem efectuadas as operações de investigação imediata através de análises, desinfecção e limpeza dos espaços. Estamos a falar de um equipamento público que é usado por milhares de pessoas diariamente. Além disso, também se devem descartar as hipóteses dos pavilhões municipais e efectuar o mesmo procedimento", recomenda.

Para a coligação O Concelho em Primeiro, "prevenir passa por ter um plano de avaliação de riscos, de manutenção e de acção imediata".

"Encerrar por 24 horas as piscinas municipais, efectuar análises de urgência e verificar a possibilidade de foco de infecção nestes equipamentos era o que já deveria ter sido feito. Nenhuma medida é exagerada quando o que está em causa é a saúde pública. O sucesso no combate aos focos de infecção está sempre na rapidez da resposta e na agilização de procedimentos de mitigação de problemas. É isso que se exige a quem está à frente dos destinos do concelho", adianta.

Segundo a coligação, "é preferível saber-se amanhã que foram descartadas as hipóteses de o foco ser nas piscinas municipais do que perceber que o surto se descontrolou por falta de acção imediata".