Girona, um cometa só de passagem ou uma estrela em ascensão em Espanha?

O clube catalão está a realizar um início de campeonato espectacular e é líder isolado da Liga espanhola.

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Savio tem sido um dos jogadores mais importantes na equipa do Girona EPA/Rodrigo Jimenez
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Enquanto Real Madrid, Barcelona e Atlético de Madrid, os emblemas que nos últimos anos têm sido os habituais candidatos à conquista do título de campeão espanhol, lutam por encontrar um nível exibicional mais consistente, que os livre de esbanjarem mais pontos como nas últimas semanas, o pequeno Girona continua a surpreender e a sentar-se à mesa dos “grandes”, consequência de um início de temporada histórico e impressionante.

Mais nenhuma equipa nas cinco principais Ligas europeias tem mais pontos do que o Girona nesta fase da época, um incrível registo estatístico para um clube que em 1999 competia nos campeonatos regionais da Catalunha, quinto escalão do futebol espanhol, mas que, depois de ter chegado à principal Liga espanhola em 2017-18 e de lá ter sobrevivido uma temporada, caiu para o escalão secundário, regressando à La Liga só na época passada, terminando em 10.º.

A derrota em casa do Real Madrid (0-3), no mês de Setembro, e o empate a um golo no estádio da Real Sociedad, logo no início do campeonato, foram os únicos deslizes do Girona, que neste sábado foi ao terreno do Rayo Vallecano vencer por 2-1, a sua sexta vitória consecutiva (há um ano registou 13 triunfos em todo o campeonato e este ano já leva 11 em 13 jornadas disputadas).

Mas quem é, afinal, esta equipa do Girona que lidera a Liga espanhola jogando no Estádio Montilivi, um recinto com uma capacidade inferior a 15 mil lugares e após ter gastado em reforços pouco mais do que 22 milhões de euros, depois de perder boa parte dos seus melhores jogadores durante o mercado de transferências deste Verão?

É uma equipa de ataque, orientada desde 2021 pelo espanhol Michel Sanchez Munoz (que já tinha trazido o Rayo Vallecano e o Huesca ao primeiro escalão), e onde jovens futebolistas brasileiros como Savinho e Yan Couto ou o médio espanhol Aleix Garcia brilham. Mas onde também há espaço para jogadores mais experientes como o neerlandês Daley Blind ou o ucraniano Artem Dovbyk, um dos melhores marcadores do campeonato espanhol, apenas superado por Jude Bellingham - e os golos de Dovbyk têm sido importantes para fazer com que o Girona seja o melhor ataque da Liga espanhola e um dos melhores de toda a Europa.

Muito embora este desempenho impressionante, Michel mantém os pés assentes na terra, e apesar do lugar que o Girona ocupa neste momento na classificação, o treinador dos catalães não pensa na conquista do título, embora assuma que, face aos pontos já somados, o objectivo inicial da equipa passou a ser terminar a temporada no primeiro terço da tabela e lutar por um lugar que dê acesso às competições europeias.

“O nosso Campeonato não é o do Real Madrid, Barcelona e Atlético... Não sonho com a vitória na Liga, mas sonho em lutar com a Real Sociedad, Sevilha, Villarreal... Ganhar ‘essa’ Liga pode deixar-nos entre o quarto e o sexto lugar”, confessou Michel há uma semana.

Para já, naquela que é apenas a sua quarta temporada no primeiro escalão do futebol espanhol, o Girona, presidido por Pere Guardiola, irmão de Pep Guardiola, treinador do Manchester City, e que em 2017 viu o Abu Dhabi City Football Group (que tem no seu portfólio clubes como o inglês Manchester City, o francês Troyes, o brasileiro Bahia, o italiano Palermo ou o belga Lommel) adquirir 44% do capital do clube, promete fazer história e melhorar aquela que foi, até ao momento, a sua melhor classificação de sempre na prova: 10.º lugar.

E claro que fazer parte do endinheirado grupo árabe tem ajudado a este crescimento exponencial: Savinho está emprestado pelo… Troyes; Yangel Herrera jogava no... Manchester City; Yan Couto está cedido pelos… campeões ingleses; Aleix Garcia jogou por nove vezes na primeira equipa dos “citizens” enquanto esteve em Manchester entre 2015 e 2017.

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