Montenegro diz que o Governo “é passado” e que PSD prepara uma “nova maioria”
Líder do PSD assume que está a “acelerar” programa eleitoral e lembrou que propôs a recuperação integral do tempo de serviço congelado dos professores.
Com as eleições legislativas já marcadas, o líder do PSD quis assegurar que o partido está “preparado para governar”, que tem quadros e que soube atrair muitos independentes na preparação do programa eleitoral. Luís Montenegro virou o discurso para o futuro – “os portugueses já não têm respeito pelo Governo, isso é passado” –, atirou-se aos dois candidatos à liderança do PS e deixou uma palavra especial aos professores.
Após uma reunião do Conselho Estratégico Nacional (CEN), o fórum onde está a ser preparado o programa eleitoral do partido, que decorreu em Fátima, o líder do PSD defendeu que o país precisa de um “novo ciclo político e de crescimento económico” e que o partido “está preparado para disputar eleições e sobretudo para governar o país”. A crise política no Governo e a eventual demissão do ministro das Infra-estruturas, João Galamba, foi desvalorizada: “Não acho que hoje seja um grande foco de preocupação, os portugueses já não têm respeito pelo Governo nem dos seus membros em concreto. Isso é passado, os portugueses querem futuro”.
Se dúvidas houvesse sobre o tiro de partida dado para as legislativas, Montenegro mostrou que já está em campanha ao visar os dois candidatos anunciados à liderança do PS, José Luís Carneiro e Pedro Nuno Santos, embora sem os nomear directamente. “Não somos daqueles que antevejo como os candidatos a secretário-geral do PS venham derramar lágrimas de crocodilo, venham agora proclamar que vão fazer o que não fizeram em oito anos”, apontou, lembrando uma das medidas que propôs recentemente antes da crise política, ter sido espoletada esta semana: a recuperação integral do tempo de serviço dos professores, de forma faseada. Essa proposta, referiu o líder social-democrata, consta das alterações que a bancada social-democrata apresenta ao Orçamento do Estado para 2024 (OE2024).
A par de uma “urgente nova política na educação”, Montenegro apontou outras prioridades como a da saúde, em que é preciso “garantir um médico de família para todos os portugueses, e a de criar condições para um “crescimento económico mais ambicioso”, gerar “mais riqueza” e “melhores salários”.
Ao lado de Pedro Duarte, presidente do CEN, e de Pedro Reis, do Movimento Acreditar, o líder do PSD sublinhou a mensagem de querer dar “esperança” aos portugueses. “Portugal precisa de um Governo novo, precisa de abrir um ciclo de esperança e de ambição e isso dirige o país para o PSD", disse, assegurando que estão reunidas as condições para apresentar um programa eleitoral elaborado por quadros do PSD e independentes.
“Temos uma equipa connosco, qualificada, que vêm de vários sectores de actividade, temos bons quadros do PSD, enquanto outros estão mais interessados em questões de natureza conjuntural estamos concentrados em dar a Portugal uma nova maioria e um novo Governo, disse, sublinhando a ideia de que o partido está a trabalhar para garantir “condições de governabilidade e de estabilidade” no novo ciclo.
Falando também sobre a elevada carga fiscal – que foi o alvo do partido antes da apresentação do OE 2024 – Montenegro adiantou que o PSD está a “acelerar ainda mais” o programa e que o CEN vai entregar, “nas próximas semanas”, uma proposta de orientação para ser discutida com a direcção.
Para já, o líder social-democrata comprometeu-se em apresentar um Orçamento rectificativo, caso venha a liderar um Governo, depois de ter assumido que não criaria obstáculos a que a data da dissolução da Assembleia da República permitisse que o OE2024 fosse ainda aprovado como veio a defender o Presidente da República.