Hospitais em Gaza na mira dos mísseis israelitas
Sexta-feira marcada por vários ataques aos hospitais no Norte de Gaza. EUA falam em “demasiados mortos” do lado palestiniano.
As autoridades de Gaza dizem que Israel atacou vários hospitais nesta sexta-feira. De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, tutelado pelo Hamas, já morreram mais de 11 mil pessoas desde o dia 7 de Outubro. “Morreram demasiados palestinianos”, lamentou também Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA.
Imagens nocturnas, verificadas tanto pelo jornal The New York Times como pelo britânico The Guardian, mostram o momento em que um rocket cruza os céus de Gaza e cai nas imediações do Hospital Al-Shifa. Várias pessoas estariam no local nesse instante e, de acordo com as autoridades, os mísseis atingiram o pátio do hospital e incendiaram ainda a ala pediátrica do Hospital Nasser Rantissi.
“Um morto e vários feridos num ataque que teve como alvo a maternidade do Centro Hospitalar de Al-Shifa”, o maior de Gaza, disse Ashraf al-Qudra, porta-voz das autoridades de Saúde da Faixa de Gaza. Mais tarde, num comunicado a que o jornal The Guardian teve acesso, é o próprio Hamas que dá conta da morte de 13 pessoas na sequência dos ataques aéreos de Israel a este hospital.
Ayman Al-Masri, que foi ferido numa perna nos primeiros dias da guerra, tinha-se refugiado em Al-Shifa com a mãe e a irmã há dez dias. À Reuters o homem conta que, depois do bombardeamento, “toda a gente começou a correr para as ruas”. “Queremos tréguas, queremos uma solução, uma solução política. Quero que o mundo inteiro se junte a nós”, disse. “Dezenas dos nossos filhos são mortos todos os dias, isto são massacres, isto é uma guerra total”, lamentou.
Ainda esta sexta-feira, o Crescente Vermelho Palestiniano diz que uma pessoa foi morta e 28 ficaram feridas – a maioria crianças – num tiroteio que decorreu no Hospital Al-Quds, no âmbito de confrontos entre soldados de Israel e combatentes do Hamas. Também o Hospital Indonésio, assim como o Hospital Al-Rantisi terão sido alvo de ataques por parte das forças de Israel durante a última madrugada.
“Guerra contra hospitais”
Os hospitais encontram-se no Norte de Gaza, onde Israel afirma que se concentram os islamistas do Hamas que levaram a cabo o ataque que matou mais de 1400 pessoas no dia 7 de Outubro em solo israelita. No entanto, estes locais são também o principal refúgio dos civis que permanecem em Gaza.
“Enquanto o mundo vê bairros com escolas, hospitais, parques infantis e mesquitas, o Hamas vê uma oportunidade por explorar”, diz à Reuters fonte do Exército israelita, que tem acusado o Hamas de usar a população civil como escudo humano. Ao longo das últimas semanas, as autoridades israelitas têm insistido na tese de que estes pontos estão integrados na complexa rede de túneis operada pelo Hamas.
“Israel está agora a lançar uma guerra contra os hospitais da idade de Gaza”, contrapôs à Reuters Mohammad Abu Selmeyah, director do Hospital Al-Shifa. O ataque aos hospitais ocorre no mesmo dia em que o Ministério da Saúde de Gaza actualizou a contagem das vítimas mortais e dos feridos. Desde o dia 7 de Outubro já terão morrido 11.078 palestinianos, dos quais 4506 são crianças. Na sequência da contra-ofensiva israelita, o ministério, controlado pelo Hamas, diz que 21 hospitais e 47 centros de saúde estão fora de serviço.
Também nesta sexta-feira o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse que “já morreram demasiados palestinianos” em Gaza, naquela que é a mais recente indicação de que a Administração de Joe Biden está cada vez mais preocupada com o número de civis mortos durante os bombardeamentos em Gaza, descreve o The New York Times.