Sondagem após a demissão de Costa coloca PSD à frente do PS, mas ambos descem

A direita não tem maioria sem o Chega, mostra um barómetro da Intercampus realizado três horas depois da demissão de António Costa. Mas a esquerda está em minoria.

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O Presidente convocou eleições antecipadas para 10 de Março Nuno Ferreira Santos
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Uma sondagem da Intercampus realizada após a demissão do primeiro-ministro, publicada esta sexta-feira no Jornal de Negócios, Correio da Manhã e CMTV, coloca o PSD à frente do PS, mas ambos descem face ao inquérito de Outubro da mesma empresa sobre a intenção de votos dos portugueses, e mais ainda em comparação com as legislativas de 2022. Já o Chega, o Bloco e o Livre aumentariam a sua representação se o país fosse a eleições agora. Sem acordos com o Chega, a direita não consegue a maioria.

O barómetro, feito nas 24 horas depois de António Costa ter anunciado a sua demissão, coloca o PSD com 21,8% dos votos, acima do PS, que baixa para 17,9%. É uma diferença considerável face à sondagem de Outubro da mesma empresa, que atribuía ao PS 25,2%, mas sobretudo significativa em relação ao resultado das eleições legislativas de 2022, em que os socialistas conseguiram a maioria absoluta, com 41,37% dos votos.

Também o PSD, apesar das suspeitas de corrupção em torno dos socialistas, não consegue subir face a Outubro, altura em que já aparecia acima do PS, com 25,7% das intenções de voto. Nem comparando com as legislativas de 2022, altura em que teve 27,67% dos votos. A sondagem mostra, por isso, que os eleitores não saltaram do PS para o partido de Luís Montenegro com a actual crise política, mas “para a indecisão”, que “mais do que duplicou” face a Outubro, segundo o Jornal de Negócios.

O terceiro partido que mais perde neste barómetro é a Iniciativa Liberal, que aparece em quinto lugar em vez do quarto que actualmente ocupa na Assembleia da República, e perde 1,3 pontos percentuais. O partido de Rui Rocha consegue, ainda assim, passar dos 4,91% de votos conquistados no ano passado para 7% das intenções dos eleitores.

O mesmo não acontece à CDU. Embora recue menos do que um ponto percentual perante o último barómetro da Intercampus, desce de 4,30% nas legislativas de 2022 para 3,2%.

Já o Chega figura como o grande vencedor da crise política. O partido liderado por André Ventura passa de 11,7% para 13%, o que representa um aumento expressivo face aos resultados de 2022, em que 7,18 % dos votos deu ao Chega 12 deputados.

O Bloco de Esquerda também teria ganhos políticos nas próximas eleições, segundo a sondagem que o coloca como a quarta força política, com 7,9% — uma subida de 1,2 pontos percentuais em relação a Outubro e de 3,5 pontos percentuais comparando com as últimas eleições.

O Livre ultrapassa o PAN, chegando aos 2,7%, quando antes estava no fundo da tabela (1,4%), e nas legislativas não passou de 1,28%. O partido de Inês Sousa Real, por sua vez, desce de 3,2% para 2,3%, aproximando-se assim dos resultados das últimas eleições (1,58%). Mesmo assim, consegue ficar acima do CDS (2%).

Contas feitas, a direita tem mais expressão nas intenções de voto, numa altura em que o país se prepara para ir a eleições antecipadas. PSD, Chega, IL e CDS acumulam 43,8%, ao passo que a esquerda (PS, BE, CDU e Livre) se fica por 31,7%. Tendo em conta que o líder dos sociais-democratas já rejeitou fazer acordos com o Chega, contudo, a direita ficaria abaixo da esquerda, com 30,8%.

A sondagem, que teve uma taxa de resposta de 64,9%, foi realizada entre as 17h de 7 de Novembro e as 16h de 8 de Novembro com base em 602 entrevistas telefónicas a pessoas com mais de 18 anos. O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de 4%.

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