Congressista dos EUA censurada por declarações contra Israel
Rashida Tlaib, uma congressista do Partido Democrata filha de palestinianos, promoveu o cântico “Do rio até ao mar, a Palestina será livre”, considerado anti-semita pela Liga Contra a Difamação.
A congressista norte-americana Rashida Tlaib, do Partido Democrata, foi alvo de uma moção de censura na Câmara dos Representantes devido à forma como se tem posicionado contra os bombardeamentos do Exército de Israel na Faixa de Gaza. Tlaib, de 47 anos, uma norte-americana filha de pais palestinianos, acusou os seus colegas — incluindo 22 congressistas do seu próprio partido, que votaram a favor da resolução — de terem "distorcido" as suas declarações e de a quererem "silenciar".
A aprovação da moção de censura — a maior punição aquém da expulsão — acontece uma semana depois de uma primeira tentativa falhada, que se referia a uma manifestação pró-palestiniana no Capitólio dos EUA, em que Tlaib participou, como "uma insurreição".
Essa proposta foi apresentada pela republicana Marjorie Taylor Greene, uma congressista que foi afastada das comissões de inquérito da Câmara dos Representantes pelo Partido Democrata, em 2021, devido às suas declarações públicas de apoio à execução de Barack Obama e Hillary Clinton. A moção de Greene foi travada com os votos em peso de Partido Democrata e com alguns votos do Partido Republicano.
Nesta semana, os republicanos apresentaram uma nova moção que exclui a referência ao protesto no Capitólio, mas que mantém a principal acusação contra Tlaib: a de propagação de propaganda anti-israelita e promoção de um apelo ao fim do Estado de Israel, através da frase "Do rio até ao mar, a Palestina será livre" — uma frase entoada em várias manifestações pró-palestinianas e que, segundo organizações como a Liga Contra a Difamação, são anti-semitas por deixarem implícita a necessidade da extinção do Estado israelita, entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo.
"'Do rio até ao mar' é um apelo à liberdade, aos direitos humanos e à coexistência pacífica, e não à morte, à destruição e ao ódio", disse a congressista do Partido Democrata na semana passada, na rede social X (o antigo Twitter). No mesmo dia, Tlaib publicou um vídeo em que acusa o Presidente dos EUA, Joe Biden, de ser cúmplice de "um genocídio" em Gaza.
Durante a discussão da moção de censura — que teve 234 votos a favor (incluindo 22 democratas) e 188 contra (incluindo quatro republicanos) —, Tlaib emocionou-se ao evocar as imagens de milhares de crianças palestinianas mortas nos bombardeamentos israelitas do último mês, que se seguiram a um ataque do movimento islamista Hamas contra civis israelitas que matou pelo menos 1400 pessoas.
"É importante separar os povos dos governos", disse Tlaib. "Nenhum Governo está acima de crítica. A ideia de que criticar o Governo de Israel é anti-semitismo marca um precedente muito perigoso, e está a ser usada para silenciar as vozes que defendem os direitos humanos."