Buscas da PSP na residência oficial de Costa e ministérios do Ambiente e Infra-estruturas; chefe de gabinete e Lacerda Machado detidos

PSP efectua buscas em gabinetes do Governo por causa dos negócios do lítio e hidrogénio. Ministro João Galamba será constituído arguido.

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O primeiro-ministro António Costa Nuno Ferreira Santos
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Estão em curso esta manhã de terça-feira buscas da PSP em diversos ministérios e na residência oficial do primeiro-ministro, no Palácio de São Bento por causa dos projectos de exploração do lítio em Montalegre, no âmbito de um inquérito que também investiga suspeita de crime nos negócios do hidrogénio verde.​ O PÚBLICO apurou que já foram detidos o chefe de gabinete de António Costa, Vítor Escária, o consultor próximo de Costa, Diogo Lacerda Machado, e o presidente da Câmara de Sines, o socialista Nuno Mascarenhas, assim como dois executivos de empresas.

Estão também a ser alvo de buscas os gabinetes dos ministros do Ambiente e Transição Climática e das Infra-estruturas, tendo o PÚBLICO apurado que João Galamba será constituído arguido. As buscas que estão a decorrer na residência do primeiro-ministro visam o gabinete de Vítor Escária.

A assessoria de comunicação do primeiro-ministro confirmou entretanto as buscas no gabinete de Vítor Escária, tendo acrescentado que não há comentários por parte de São Bento à acção da justiça.“Confirmamos que há buscas no gabinete do chefe de gabinete. Não comentamos a acção da justiça”, disse à agência Lusa fonte da assessoria de António Costa.

Também o Ministério do Ambiente e da Acção Climática confirmou a realização de buscas da PSP nas suas instalações. Fonte oficial do ministério de Duarte Cordeiro disse, no entanto, não conhecer ainda o motivo das mesmas. “Estão a decorrer diligências pelas autoridades no interior do edifício da câmara e todos os funcionários encontram-se no exterior”, referiu por seu turno fonte da autarquia de Sines, segundo a qual se aguarda ainda a chegada do Ministério Público.

A operação deve-se a uma investigação sobre os negócios do lítio, em Montalegre, e foi preparada entre o DCIAP e a PSP em absoluto segredo por receio de fugas de informação por envolver membros do Governo.

Já em Janeiro de 2021, o primeiro-ministro António Costa foi apanhado em três conversas com o então ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, que estava sob escuta no âmbito de uma investigação criminal relacionada com um mega-projecto na área do hidrogénio verde em Sines, e cujo investimento se previa que pudesse superar os 1,5 mil milhões de euros.

O facto de o primeiro-ministro ter sido apanhado em intercepções telefónicas obriga, por motivos legais, à intervenção do presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Joaquim Piçarra, que decidiu validar uma das escutas e a mandar destruir outras duas, apurou na altura o PÚBLICO. Mas o Ministério Público não concordou com a decisão do presidente do Supremo e recorreu dos seus despachos.

No início de Janeiro, a Procuradoria-geral da República tinha confirmado que estava em curso no DCIAP (Departamento Central de Investigação e Acção Penal)​ uma investigação, sob segredo de justiça, sobre “os chamados negócios do lítio e do hidrogénio verde”. Na altura, questionado pelo PÚBLICO, João Galamba respondeu: “Nunca fui ouvido sobre esse processo absurdo, exactamente porque é absurdo e vazio.”

Datam de Novembro do ano passado as notícias de que João Galamba, que ainda era secretário de Estado do Ambiente e da Energia do ministro José Pedro Matos Fernandes, e o ex-ministro da Economia Pedro Siza Vieira estavam a ser investigados por causa dos projectos sobre hidrogénio verde em Sines, num inquérito em que se averiguavam “indícios de tráfico de influências e de corrupção, entre outros crimes económico-financeiros”,segundo a revista Sábado. No entanto, Pedro Siza Vieira acabou por ser entretanto descartado do rol de investigados.

A revista referia ainda que ambos os governantes (à data) eram “suspeitos de favorecimento do consórcio EDP/Galp/REN no milionário projecto do hidrogénio verde para Sines” (que entretanto se desfez).

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