Uma startup de saúde ginecológica do Reino Unido lançou, recentemente, um tampão que funciona como um teste PCR para diagnóstico de doenças sexualmente transmissíveis (DST) nas mulheres. Segundo a empresa Daye, o tampão funciona como substituto do cotonete ou espéculo vaginal utilizados nos testes de rastreio e consegue igualmente identificar clamídia, gonorreia, microplasma, ureaplasma e tricomonas.
O produto foi criado para encorajar mais pessoas com vulva, grupo mais susceptível a contrair DST devido à fisiologia vaginal, a fazer a testagem, acelerar o diagnóstico e procurar tratamento. A par disto, este tampão surge depois de a Agência de Saúde e Segurança do Reino Unido ter revelado que, em 2022, o país registou um aumento de 24% em relação ao número de pessoas diagnosticadas com doenças sexualmente transmissíveis em comparação com 2021, escreve o Guardian.
Em declarações ao mesmo jornal, Valentina Milanova, fundadora da Daye, garante que a startup tem dados que sustentam a maior eficácia do novo kit de rastreio quando comparado ao teste com zaragatoa. Segundo a mesma, até ao momento, a amostra de apenas 600 mulheres que utilizaram os tampões mostrou que o produto registou uma falha de diagnóstico de 1%. O outro método teve uma falha de 10%, alega.
Segundo a empresa, outro dos aspectos diferenciadores do tampão é o reduzido tempo de resposta. Para receber o kit em casa, a pessoa deve primeiro registar-se no site e encomendá-lo. No teste, está indicada a morada do laboratório para onde o tampão deve ser enviado no dia seguinte após a utilização. Os resultados chegam ao paciente por email entre cinco a 15 dias depois.
Ainda assim, ainda há aspectos a melhorar, nomeadamente a duração do teste e o nível de desconforto. Tal como o espéculo vaginal, o tampão consegue alcançar o colo do útero, mas, para obter um resultado, deve estar no mínimo 20 minutos e no máximo oito horas perto do cérvix, lê-se no site.
Além disso, a eficácia do produto está a dividir a comunidade médica do Reino Unido. Se, por um lado, há profissionais que destacam que o produto não invasivo é a solução ideal para aumentar a aceitação dos testes às DST, por outro, há outros que defendem que não é o método mais correcto para detectar gonorreia e clamídia.
O Guardian escreve ainda que a Associação Britânica para Saúde Sexual e HIV (Bashh, na sigla original) considera que o tampão apresenta um resultado clínico duvidoso no diagnóstico de ureaplasma, doença que é detectada através de uma amostra de urina ou secreção vaginal. Além disto, os antibióticos usados para tratamento variam.
Em reposta, Valentina Milanova adianta que a Daye está ciente da resistência aos antibióticos, mas reforça que este tratamento só é recomendado caso a carga bacteriana do microbioma vaginal seja elevada, não existam outras infecções ou historial de abortos espontâneos.