Inflação recua para 2,1% em Outubro, a maior descida desde Maio

Variação homóloga inferior em 1,5 pontos percentuais face aos 3,6% de Setembro deve-se sobretudo ao efeito de base que resulta da grande subida dos preços alimentares e energéticos em Outubro de 2022.

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Descida do preço do gás e dos produtos energéticos face à enorme subida de há um ano explica o efeito de base que provoca a forte desaceleração da inflação em Outubro Nelson Garrido (arquivo)
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A taxa variação do Índice de Preços no Consumidor, vulgo inflação, desceu de 3,6% em Setembro para 2,1% em Outubro, numa base homóloga, segundo os dados provisórios divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Trata-se de uma desaceleração em 1,5 pontos percentuais quando se compara o valor desta estimativa rápida do INE com o valor real registado há um ano. É a maior descida desde Maio deste ano, que deixa a inflação em Portugal perto do valor de referência da política monetária do Banco Central Europeu, cuja missão é a de manter a inflação na zona do euro em torno dos 2%.

É preciso recuar dois anos para encontrar uma inflação homóloga nesta ordem de grandeza. O mesmo é dizer que a variação do IPC não era tão baixa desde Outubro de 2021, mês em que este indicador se cifrou nos 1,8%.

"O principal contributo para esta desaceleração provém do efeito de base associado aos aumentos mensais de preços registados em Outubro de 2022 nos produtos alimentares (2,1%) e nos produtos energéticos (6,7%), com destaque para o gás natural (77,4%)", explica o INE, na nota divulgada nesta terça-feira.

Ou seja, a descida da inflação em Outubro deve-se, sobretudo, ao resultado da comparação dos preços actuais com os de há um ano, altura em que a alimentação e a energia registaram fortes subidas. Isso torna-se ainda mais notório quando se atende à variação isolada dos produtos alimentares não transformados, que segundo o INE recuou para 4% (tinha sido 6% em Setembro), mas também e sobretudo para a inflação na energia, que diminuiu para -12% (-4,1% há um mês).

Aliás, quando se analisa a evolução do IPC em cadeia, eliminando então o efeito de base gerado pela subida de preços de há um ano, a inflação apresenta um recuo mais modesto, de -0,2%, o que não deixa de ser uma boa notícia para as famílias portuguesas, que em Setembro tinham visto a inflação em cadeia subir 1,1% em Setembro (ou 1,2% em Outubro, mas do ano passado).

"O indicador de inflação subjacente (índice total excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos) terá registado uma variação de 3,5% (4,1% no mês precedente)", acrescenta a autoridade estatística nacional.

Face a este resultado preliminar, que terá de ser confirmado pelos dados definitivos, que só serão divulgados a 13 de Novembro, estima-se uma variação média nos últimos 12 meses de 5,7%, em vez dos 6,3% em Setembro. Desde Agosto de 2022 que a variação média em 12 meses não era tão baixa (5,3%).

Na proposta de Orçamento do Estado para 2024, que está em debate na generalidade e será hoje votado no Parlamento, o Governo estima uma inflação média anual de 2,9% para o próximo ano, ou seja, cerca de metade do valor actual. Nas contas do Banco de Portugal, a inflação média anual deste ano ficará nos 5,4% (menos 0,3 pontos percentuais do que o valor no fim de Outubro), descendo ainda mais, para 3,6% em 2024.

Já o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) português, que permite comparar valores entre membros do euro, terá registado uma variação homóloga de 3,3% (4,8% no mês precedente).

No conjunto da zona do euro, este índice está abaixo do valor português, nos 2,9%. Nos dados actualizados pelo Eurostat nesta terça-feira, também por estimativa rápida, há dois países com um IHPC negativo (Bélgica e Países Baixos, com -1,7% e -1%, respectivamente) e a Itália regista uma forte descida (de 5,6% para 1,9%), a mais acentuada na zona do euro.

Espanha (3,5%), Grécia (3,9%) e Estónia (5%) registam aumento do IHPC em Outubro, contrariando assim a tendência geral de descida deste indicador no lote de países da moeda única.

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