FMI: conflito em Gaza é “mais uma nuvem” para a economia mundial

Kristalina Georgieva vê impactos negativos imediatos nos países mais próximos do conflito e novas fontes de incerteza para toda a economia mundial.

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Kristalina Georgieva, directora-geral do FMI Reuters/SUSANA VERA
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A guerra entre Israel e o Hamas é mais uma fonte de incerteza numa economia mundial já a enfrentar uma grande variedade de riscos, alertou esta quarta-feira a directora geral do Fundo Monetário Internacional.

A falar na conferência “Davos no Deserto” que se realiza esta semana na Arábia Saudita, Kristalina Georgieva mostrou preocupação em relação ao impacto que o conflito já está a ter nas economias mais próximas e na ameaça que representa para a evolução de toda a economia mundial. “O que significa é que há mais incertezas naquele que é já é um mundo cheio de ansiedades. E num horizonte que já tem muitas nuvens, mais uma nuvem pode tornar tudo mais profundo”, afirmou a líder do FMI.

Embora sublinhando que “a perda trágica de vidas” é a principal fonte de preocupações, Kristalina Georgieva lembrou ainda que uma série de outros impactos negativos são já evidentes nas economias mais próximas do conflito, incluindo aquilo que está a acontecer não só em Gaza e em Israel, mas também nos países vizinhos. “Em países como o Egipto, Líbano ou Jordânia, a incerteza é muito negativa para a entrada de turistas. E os investidores também vão ficar mais receosos de apostarem nesses países”, afirmou.

A violência a que se tem vindo a assistir em Israel e Gaza ocorre numa altura em que, em algumas das maiores economias mundiais existe o risco de entrada em recessão. Na zona euro, devido sobretudo à subida das taxas de juro, a economia poderá já ter entrado, na segunda metade deste ano, numa recessão técnica (definida como dois trimestres consecutivos de contracção em cadeia do PIB).

Uma das maiores ameaças trazidas pelo conflito é que, num cenário de escalada em que outros países do Médio Oriente se envolvam, a incerteza em relação aos níveis da oferta do mercado petrolífero aumente e os preços da energia disparem, conduzindo a um novo agravamento das pressões inflacionistas globais. Nessas circunstâncias, bancos centrais como o BCE ou a Reserva Federal, que nesta altura já parecem estar a dar por concluído o ciclo de subida das taxas de juro, podem ver-se forçados a ir ainda mais longe para controlar a inflação, arriscando-se contudo a empurrar as suas economias para uma recessão mais profunda.

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