Refém do Hamas de 72 anos recebe nacionalidade portuguesa
Adina Moshe aguardava naturalização. Sequestrada na Faixa de Gaza, tem problemas de saúde. O marido foi assassinado no ataque do Hamas.
As últimas notícias conhecidas de Adina e do marido, Said David Moshe, chegaram na manhã de dia 7 de Outubro, quando telefonaram à sua neta Anat Shoshany a contar que ouviam tiros no exterior da sua casa, no kibbutz de Nir Oz, no Sul de Israel. Um pouco mais tarde, um vídeo nas redes sociais partilhado pelo Hamas exibia a idosa com uma T-shirt vermelha, sentada numa mota entre dois membros do movimento, já na Faixa de Gaza, para onde foi levada. O seu marido Said, de 75 anos, já tinha sido morto.
Tal como Ofer Calderon, Adina tinha pedido a nacionalidade portuguesa ao abrigo da lei dos sefarditas e o PÚBLICO apurou que já a obteve – no mesmo dia em que se soube que a família Calderon já está na posse do documento que lhe confere a dupla nacionalidade. Calderon foi sequestrado com dois filhos menores e a família tinha feito um pedido de urgência ao Governo português, acreditando que a dupla nacionalidade poderá ser uma vantagem nas negociações para a libertação dos reféns, que está a ser negociada.
A lei dos sefarditas permite a naturalização de descendentes dos judeus que receberam ordem de expulsão da Península Ibérica no final do século XV.
Sem saber mais nada de Adina, Shoshany tem estado preocupada com a avó, que foi operada ao coração no ano passado e que estará em Gaza sem qualquer tipo de medicação, contou à Associated Press. A família tem procurado contactar várias organizações no terreno para lhe fazer chegar os medicamentos.
Numa outra entrevista, à CNN, Shoshany contou mais pormenores sobre o ataque terrorista à casa dos seus avós. Os homens do Hamas terão disparado repetidamente contra a janela de um quarto selado, que servia de abrigo para bombardeamentos. Conseguiram finalmente entrar e dispararam contra Said Moshe, assassinando-o imediatamente. Adine foi puxada por uma janela e levada.
Calderon, de 53 anos, é da mesma comunidade do casal Moshe, um kibbutz onde viviam 400 habitantes e um quarto destes foram mortos, sequestrados ou feridos pelo Hamas. Depois de uma primeira libertação, na sexta-feira, das norte-americanas Judith Tai Raanan e Natalie Shoshana Raanan, mãe e filha, com dupla nacionalidade, o Hamas libertou mais duas israelitas, Yocheved Lifshit, de 85 anos, e Nuri Cooper, de 79 anos, ambas raptadas com os maridos (que permanecem na Faixa de Gaza) e igualmente residentes de Nir Oz.
Ao todo, segundo o Governo de Israel, o Hamas raptou 222 pessoas no dia 7 de Outubro.