Israel chamou jornalistas para mostrar 43 minutos de “sadismo” do Hamas

Os 200 jornalistas estrangeiros presentes não tiveram autorização para gravar as imagens exibidas, mas relataram algumas das cenas mais violentas.

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Destruição após ataque do Hamas a habitação no kibutz de Kissufim, em Israel Reuters/AMIR COHEN
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O Governo israelita apresentou esta segunda-feira a centenas de jornalistas estrangeiros uma compilação de 43 minutos de imagens de homicídios, tortura e violência extrema perpetrada pelo Hamas, incluindo vídeos gravados pelas bodycams dos islamistas.

Nas palavras de um porta-voz do executivo de Benjamin Netanyahu, a colecção de vídeos foi mostrada para acabar com um "fenómeno semelhante ao da negação do Holocausto, a acontecer em tempo real", aludindo às dúvidas levantadas quanto à veracidade de algumas imagens e de alguns relatos de atrocidades cometidas pelo Hamas.

Os cerca de 200 jornalistas presentes na apresentação, que decorreu esta tarde numa base militar a norte de Telavive, não tiveram autorização para gravar as imagens, mas relataram algumas das cenas mais violentas.

"É um filme muito triste", descreveu aos jornalistas, ao fim de 43 minutos, o major-general Mickey Edelstein, das Forças de Defesa de Israel. "O que partilhámos convosco... Tinham de sabê-lo", começou por justificar. "Temos de o partilhar convosco para que ninguém fique com a ideia de que [o Hamas e as Forças de Defesa] são equivalentes."

Num dos vídeos, os terroristas do Hamas surgem vestidos com uniformes das Forças de Defesa (IDF) enquanto chamam a atenção de condutores israelitas para depois disparar sobre os ocupantes dos veículos. Os seus corpos são depois revistados e deixados na estrada.

Noutro, citado pela BBC, um pai tenta fugir com dois filhos para um abrigo quando os três são atingidos por uma granada. O pai morre com a explosão. As crianças, feridas e ensanguentadas no chão, são ouvidas a falar: "O pai está morto, isto não é a fingir". "Porque é que estou vivo?", pergunta um dos rapazes.

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Uma das habitações atacadas pelo Hamas no kibutz israelita de Kissufim. Reuters/AMIR COHEN

Noutro ainda, vê-se um homem, provavelmente trabalhador agrícola, a contorcer-se de dores no chão e a sangrar após ser alvejado, enquanto um terrorista tenta repetidamente decapitá-lo com uma enxada.

Mais um: uma cidadã israelita tenta identificar um corpo de uma mulher parcialmente queimado, com a cabeça decepada, sendo perceptível que a vítima terá sofrido agressões sexuais antes de ser assassinada.

"Temos provas" de violações, mas "não podemos partilhá-las", assegurou o major-general Mickey Edelstein, sem acrescentar mais detalhes, segundo cita o The Times of Israel.

Todas as imagens serão de dia 7 de Outubro, quando o Hamas entrou em território israelita e executou um massacre de centenas de pessoas, a maioria jovens, que participavam num festival de música electrónica, a poucos quilómetros da fronteira com Gaza.

"Os vídeos mostram sadismo puro, selvagem. Não há esforços para poupar aqueles que não representam qualquer ameaça. A ânsia de matar é quase igual à de mutilar os corpos das vítimas", descreve Graeme Wood, um dos jornalistas presentes na sala, num texto publicado pela revista The Atlantic. "Mickey Edelstein disse que as IDF decidiram mostrar as imagens por necessidade. Não é todos os dias que são exibidos filmes de terror sobre judeus numa sala das Forças de Defesa de Israel", escreve.

Além das bodycams dos terroristas islamistas, os vídeos, que foram apresentados sem edição, foram gravados por câmaras de vigilância, pelas próprias vítimas ou partilhados nas redes sociais, em versões cortadas e censuradas. Em alguns casos, os terroristas transmitiram em directo as mortes através dos telemóveis das próprias vítimas, de forma a que os familiares e amigos destas fossem expostos à violência. Há também gravações áudio de terroristas a vangloriarem-se pela morte das suas vítimas. "Matei pelo menos dez judeus com as minhas próprias mãos", diz um elemento do Hamas.

Há várias fotografias incluídas neste "filme muito triste", como o descreve o major-general das Forças de Defesa: um soldado decapitado, restos mortais carbonizados, incluindo de crianças, uma pilha de cadáveres num abrigo antiaéreo.

"Porque é que alguém leva uma GoPro [para um ataque destes]? Porque tem orgulho do que faz", considerou o porta-voz das IDF, Daniel Hagari, em declarações aos jornalistas. "Trata-se de doutrinação e se a doutrinação for no sentido de cometer crimes contra a humanidade, o problema não é só de Israel", acrescentou, aludindo uma eventual alastramento do conflito no Médio Oriente.

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