Uma das noites mais violentas em Gaza: pelo menos 400 mortos em 24h

Exército de Israel diz ter atingido mais de 320 alvos militares e forças conduziram “raides limitados” dentro da Faixa de Gaza. Segunda coluna de ajuda entrou através de Rafah.

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Palestinianos fogem de ataque israelita MOHAMMED SABER/EPA

Nas últimas 24h morreram pelo menos 400 pessoas em ataques israelitas na Faixa de Gaza, incluindo 70 em bombardeamentos no campo de refugiados de Jabalyia e em ruas perto de dois hospitais na Cidade de Gaza, segundo as autoridades do território. A situação é dificultada pelo enorme número de deslocados — mais de um milhão numa população de 2,3 milhões —​ e pelos danos extensos, que torna difícil chegar a vítimas.

O Exército israelita disse ter atingido 320 alvos militares nas últimas 24 horas na Faixa de Gaza e ter ainda levado a cabo incursões limitadas também com o objectivo de obter informação sobre reféns.

Os Estados Unidos têm estado a pressionar Israel para adiar a esperada grande operação terrestre para tentar negociar a libertação de mais reféns, depois da libertação, na sexta-feira, de duas cidadãs com dupla nacionalidade, israelita e norte-americana. O Hamas disse estar disponível para libertar mais duas reféns; o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse tratar-se de propaganda.

O especialista da Mossad David Meidan afirmou numa entrevista ao Haaretz que o Hamas estaria interessado em libertar mais reféns, até porque deverá ter dificuldades em manter secreto o paradeiro de um número tão grande de pessoas — em contraste com o que aconteceu com o soldado Gilat Shalit, que esteve mais de cinco anos refém em Gaza e que mesmo dentro das chefias do Hamas muito poucas pessoas sabiam onde estava.

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Imagens televisivas de Gilad Shalit já em liberdade Reuters

Mais ajuda

Uma segunda coluna de camiões entrou no domingo à noite na Faixa de Gaza através de Rafah, na fronteira com o Egipto.

O porta-voz da Comissão Europeia Balazs Ujvari informou que a UE já enviou 54 toneladas de ajuda humanitária através do corredor aéreo aberto com o Egipto e que aguarda agora que essa ajuda, ainda no Egipto, possa ser distribuída em Gaza “o mais rapidamente possível”.

Mas as Nações Unidas dizem que o volume de ajuda que chegou ao território cercado é de apenas 4% do que seria preciso antes de ter começado a actual operação israelita, que se seguiu ao ataque do Hamas em Israel a 7 de Outubro (e em que morreram 1400 pessoas e pelo menos 222 foram levadas para Gaza). A ajuda não inclui combustível, aponta a agência Reuters.

A falta de água potável é um problema e a falta de combustível está a deixar médicos a operar sem anestesiar os pacientes, à luz de lanternas de telemóvel, enquanto desinfectavam feridas com vinagre, contou recentemente o médico Nidal Abed à Associated Press.

A Human Rights Watch disse que a recusa em deixar entrar ajuda na Faixa de Gaza é um “crime de guerra”. “O facto de combatentes do Hamas terem cometido crimes de guerra contra civis israelitas não justifica que as autoridades de Israel cometam crimes de guerra contra civis palestinianos, e isso é o que estamos a ver neste momento”, disse Sari Bashi à Al Jazeera.

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Situação humanitária em Gaza piora diaramente REUTERS/Mohammed Al-Masri