EUA interceptam mísseis junto ao Iémen após sofrerem ataques na Síria e no Iraque

Ataque dos rebeldes iemenitas poderia ter como alvo Israel, numa altura em que Washington reforça a sua presença militar no Médio Oriente.

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Bruno Ferraz
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Um dos navios de guerra dos Estados Unidos a operar no Médio Oriente interceptou três mísseis e vários drones lançados por rebeldes houthis do Iémen, xiitas que são apoiados pelo Irão. O objectivo do ataque não é claro, mas, segundo o Pentágono, os projécteis dirigiam-se para norte ao longo do mar Vermelho, “potencialmente em direcção a alvos em Israel”. Para Washington e Bruxelas, este é mais um indício do risco de repercussões regionais da guerra entre Israel e o Hamas, depois de ataques contra as tropas norte-americanas estacionadas na Síria e no Iraque.

Os houthis estão há dez anos envolvidos numa guerra civil contra as autoridades reconhecidas internacionalmente e apoiadas por uma coligação militar liderada pela Arábia Saudita, mas a aproximação entre sauditas e iranianos, este ano, reavivou as negociações no Iémen.

“A nossa resposta foi uma demonstração da arquitectura integrada de defesa aérea e antimísseis que construímos no Médio Oriente e que estamos preparados para usar sempre que for necessário, para proteger os nossos parceiros e os nossos interesses na região”, disse o porta-voz do Pentágono, brigadeiro-general Pat Ryder, em declarações aos jornalistas, depois da acção do contratorpedeiro USS Carney, na quinta-feira.

O contratorpedeiro tinha acabado de chegar ao mar Vermelho vindo do Mediterrâneo Oriental para “ajudar a garantir a segurança marítima e a estabilidade no Médio Oriente”, anunciou a Marinha nas redes sociais.

A juntar à presença habitual no Médio Oriente, que inclui várias bases com tropas, navios de guerra e aviões de combate, Washington decidiu enviar para o Mediterrâneo Oriental dois porta-aviões. O maior da sua frota, o Gerald Ford, já chegou à zona, e o segundo está a caminho. No conjunto, os dois navios podem transportar 135 aviões de combate. A caminho segue ainda uma unidade de fuzileiros navais com 2200 militares e um grupo de três navios anfíbios.

“Não há intenção de colocar botas americanas em terreno de combate”, garantiu o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional norte-americano, John Kirby, no voo em que Joe Biden regressou a Washington, depois da sua visita a Telavive. “O objectivo dos porta-aviões é dissuadir quaisquer intenções” de ataque.

A passagem do Presidente norte-americano por Israel coincidiu com dois dos ataques dos últimos dias contra as tropas norte-americanas no Médio Oriente. Na quarta-feira, um drone atingiu forças dos EUA na Síria, provocando “ferimentos leves”, e outro foi interceptado. No mesmo dia, forças norte-americanas no Iraque foram alvo de dois ataques com drones, que provocaram também “ferimentos leves” em alguns soldados.

Já na quinta-feira, de acordo com a polícia iraquiana, rockets atingiram uma base com forças norte-americanas perto do aeroporto internacional de Bagdad. Horas depois, vários drones e mísseis foram disparados contra a base aérea Ain al-Asad, na província de Anbar, que se estende desde os arredores da capital do Iraque até à fronteira com a Síria. Na base, onde estão militares dos EUA e de outros países, ouviram-se várias explosões. Nas primeiras horas desta sexta-feira, militares do Iraque estavam ainda na zona à procura de eventuais baixas ou danos.

Os EUA têm 2500 soldados no Iraque e 900 na Síria, onde continuam a assistir as forças locais no combate ao Daesh (autodenominado Estado Islâmico). Nos últimos anos, milícias iraquianas apoiadas pelo Irão atacaram com frequência os militares norte-americanos, mas estes ataques quase deixaram de acontecer depois de uma trégua, no ano passado. Um dos mais poderosos grupos armados com laços ao Irão, Kataib Hezbollah, acusou os EUA de apoiarem Israel a “matar inocentes” e defendeu que os norte-americanos devem deixar o Iraque.

Nos últimos dias, segundo Ryder, o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, teve uma série de conversas telefónicas com líderes árabes e israelitas, incluindo o xeque Mohamed bin Zayed, dos Emirados Árabes Unidos, o emir do Qatar, xeque Tamin bin Hamad al-Thani, e o príncipe Khalid bin Salman, ministro da Defesa da Arábia Saudita. Estas conversas, diz Ryder, serviram para voltar “a sublinhar que qualquer país ou grupo que pense aproveitar a situação em Israel para alargar o conflito não deve duvidar da determinação dos Estados Unidos”.

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