Universidade de Coimbra procura mulheres com cancro da mama para ensaio clínico

As mulheres que pretendam fazer parte de ensaio podem participar gratuitamente. O objectivo é aferir qual é a intervenção psicológica mais eficaz em mulheres com cancinoma da mama.

Foto
Mamografia para despiste de cancro da mama Rui Gaudêncio
Ouça este artigo
00:00
03:03

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

Uma equipa de investigação liderada pela Universidade de Coimbra está à procura de participantes para um ensaio clínico nacional, que visa aferir qual é a intervenção psicológica mais eficaz em mulheres com cancro da mama.

Depois de estudos anteriores terem revelado a eficácia de dois tipos de intervenções psicológicas, os investigadores e psicólogos clínicos pretendem agora perceber qual delas é a mais eficaz e adequada ao cancro da mama, explica a Universidade de Coimbra em comunicado de imprensa. "As mulheres que pretendam fazer parte destas intervenções psicológicas podem participar gratuitamente, sendo necessário que cumpram seis critérios."

Nos critérios figuram a necessidade de ser acompanhada num serviço de radioterapia em Portugal, público ou privado, ter recebido diagnóstico de carcinoma da mama (estádios I-III) e não se encontrar, neste momento, a receber psicoterapia.

É ainda necessário que não apresente, actualmente, perturbação psiquiátrica severa, seja capaz de compreender e responder a questionários de autorresposta em língua portuguesa e tenha acesso a um computador ou tablet e Internet.

A manifestação de interesse para participar no estudo pode ser feita ao longo dos próximos 12 meses, através do site www.projetomind.com.

As intervenções, denominadas "mind e mind support group", vão decorrer em formato de grupo, à distância (online), durante um período de oito semanas, segundo a Universidade de Coimbra. Haverá uma sessão por semana, com a duração estimada de 90 a 120 minutos, a cargo de dois psicólogos clínicos.

"Além da avaliação clínica inicial, para aferir o cumprimento dos critérios previamente mencionados, as participantes vão ser avaliadas em mais três momentos, através de questionários de autorresposta: antes da intervenção, no final da intervenção e seis meses após o fim da intervenção."

O ensaio clínico não tem qualquer interferência com os tratamentos e procedimentos médicos, que vão ser mantidos por todas as participantes.

Actualmente, em Portugal, "as mulheres com carcinoma da mama, de forma geral, não recebem qualquer tipo de intervenção psicológica no seu tratamento habitual", assinala Inês Trindade, que é a coordenadora do projecto, investigadora do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC) da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra e docente do Centro para a Saúde e Psicologia Médica da Universidade de Örebro (Suécia).

"As intervenções que este ensaio clínico oferece são ambas cientificamente comprovadas como eficazes na melhoria da qualidade de vida e saúde mental em mulheres com esta patologia. A equipa de investigação pretende testar qual a intervenção mais adequada para o contexto português, tanto em termos de eficácia, como de custo-efectividade, e, a longo prazo, a implementação dessa intervenção no tratamento habitual de mulheres com carcinoma da mama", elucidou.

Neste projecto de investigação participam várias unidades de ensino e investigação da Universidade de Coimbra, como o Centro de Neurociências e Biologia Celular, assim como outras instituições portuguesas (a Clínica de Saúde Mental do Porto, o Instituto Superior Miguel Torga, a Universidade do Porto e a Universidade Portucalense Infante D. Henrique) e instituições internacionais (do Reino Unido, Austrália, Chipre, além da Suécia).