Mundial 2030: IL pede audição obrigatória de ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares
Liberais querem saber quais são os custos globais previstos só para Portugal e “em que medida serão onerados os contribuintes portugueses”.
A Iniciativa Liberal apresenta esta quarta-feira o pedido de uma audição urgente da ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, com carácter obrigatório, para esclarecer "todos os pormenores relacionados com o envolvimento do Estado português" no Mundial de futebol de 2030.
Logo no dia em que foi anunciado que Portugal, Espanha e Marrocos vão organizar o Mundial de Futebol de 2030, os liberais manifestaram a intenção de ouvir no Parlamento Ana Catarina Mendes, mas o requerimento acabou por ser rejeitado a semana passada em comissão parlamentar devido ao voto contra do PS.
Esta quarta-feira, a IL apresenta na Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto um pedido potestativo, ou seja, com carácter obrigatório, de audição urgente da ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares.
Segundo o requerimento a que a agência Lusa teve acesso, é urgente esclarecer "todos os pormenores relacionados com o envolvimento do Estado português" neste Mundial de futebol, sendo a única forma dos deputados se pronunciarem "com fundamento sobre esta iniciativa, cumprindo a missão fiscalizadora que a Constituição determina".
Com esta audição a IL pretende saber quais são os custos globais previstos só para Portugal e "em que medida serão onerados os contribuintes portugueses", tendo ainda como objectivo esclarecer se vai ser preciso construir novas infra-estruturas desportivas ou adaptar as que já existem.
"Existe alguma calendarização ou planeamento já delineado quanto à organização do evento?", questionam ainda os liberais.
A IL quer também que seja claro qual o investimento que vai ser feito "em segurança, mobilidade, vias de acesso e saúde pública". "Haverá recurso sistemático a ajustes directos, como aconteceu na Jornada Mundial da Juventude, ou o concurso público será a opção preferencial", pergunta a IL.
O partido liberal quer ainda que Ana Catarina Martins explique no parlamento se o Governo tem estudos de mercado quanto ao retorno financeiro do Campeonato do Mundo para Portugal.
No requerimento, a IL recorda a experiência de Portugal na realização de grandes competições desportivas, dando o exemplo do Euro 2004, mas ressalva que esta organização "deixou marcas negativas, pela necessidade de construção de dez estádios, envolvendo uma despesa global de 665 milhões de euros, e pelo endividamento de longo prazo que alguns destes empreendimentos suscitaram".
A Jornada Mundial da Juventude que decorreu este ano em Lisboa também não foi esquecida pelos liberais, que apontam uma organização com "grandes entropias, dificuldades e atrasos" que resultaram num "número elevadíssimo de ajustes directos".
O Campeonato do Mundo de futebol de 2030 vai ser organizado por Portugal, Espanha e Marrocos, anunciou em 4 de Outubro a FIFA. Portugal estreia-se em Mundiais, depois de ter recebido o Euro 2004, a Espanha o Euro 1964 e o Mundial 1982, enquanto Marrocos acolheu a Taça das Nações Africanas (CAN) em 1988.
Esta vai ser a primeira vez que um Mundial será repartido por seis países. Uruguai, Argentina e Paraguai vão receber três jogos do Mundial, como forma de "celebrar o centenário" da competição, cuja primeira edição decorreu no Uruguai, em 1930.