Estudo da Universidade de Évora conclui que fogos afectam saúde pública em Portugal
Investigadores concluíram que as mortes por doenças cardiorrespiratórias aumentaram durante os meses mais quentes, secos e poluídos das temporadas de incêndios florestais.
Um estudo divulgado esta terça-feira pela Universidade de Évora concluiu que o número de mortes por doenças cardiorrespiratórias foi mais elevado durante os meses mais quentes, secos e poluídos das temporadas de incêndios florestais.
Além disso, "as altas temperaturas, a baixa humidade relativa e as altas concentrações de ozono próximo da superfície aumentaram a carga geral de doença" entre os mais vulneráveis, nomeadamente idosos, grávidas e populações socioeconomicamente mais desfavorecidas.
Conforme referido no comunicado referente ao estudo, os incêndios florestais "ocorrem frequentemente em conjunto com eventos climáticos como ondas de calor, tendo como consequência a libertação de grandes quantidades de poluentes na atmosfera", destacou a equipa de investigação.
Além disso, acrescenta Ediclê Duarte, primeiro autor do estudo, "o fumo e as partículas de incêndios florestais são prejudiciais à saúde humana", representando "um factor de risco para problemas cardiorrespiratórios e para o aumento da morbilidade e da mortalidade".
Para este estudo foram considerados apenas os meses de Junho a Outubro das temporadas de incêndios florestais de 2011 a 2020 com uma área queimada superior a mil hectares.
Para reforçar a base de dados, foram utilizados dados da área queimada, matéria particulada com diâmetro de 10 ou 2,5 micrómetro, monóxido de carbono, dióxido de nitrogénio, ozono, temperatura, humidade relativa, velocidade do vento, profundidade óptica do aerossol e dados sobre taxas de mortalidade de Doenças do Sistema Circulatório, Doenças do Sistema Respiratório, Pneumonia, Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica e Asma.
O estudo, publicado a 6 de Outubro, intitulado de "Fire-Pollutant-Atmosphere Components and It"s Impact on Mortality in Portugal During Wildfire Seasons" e publicado na revista GeoHealth, foi realizado por uma equipa de investigadores do Instituto de Ciências da Terra da Universidade de Évora.